UM CORONEL DE BATINA


      Padre Cícero chegou a Juazeiro, no ano de 1872. Era de baixa estatura, pele clara, olhos azuis, acompanhado sempre de seu cajado, usava uma batina preta e um chapéu redondo da mesma cor. Mais conhecido como o "Meu Padrinho Padre Cícero", carinhosamente chamado de Padim Ciço. Aos poucos começou correr a notícia de que ele operava milagres, e milhares de romeiros passaram a procurá-lo em busca de solução para seus problemas. Bem, o fato é que o reboliço foi tanto que o pequeno povoado transformou-se em lugar de romaria. O bispo cearense Dom Joaquim e até o Papa Leão XIII, em Roma, tiveram de investigar os milagres Juazeiro. O Padrinho chegou a ser recebido pelo papa no Vaticano. O bispo cearense e o papa não reconheceram os milagres e o Padre Cícero Romão foi punido com uma suspensão.
      Apesar de proibido de celebrar missas, sua residência passou a ser freqüentada por muitos romeiros. Apesar da Igreja Católica não considerar o Padre Cícero um santo, ela não censura os milhões de devotos que o consideram um santo.
      O Padim Ciço realizou boas ações para a população menos favorecida. Organizou mutirões e conseguiu construir pequenos postos de saúde, escolas e orfanatos, além de reformar e construir algumas igrejas católicas.
      Por outro lado, ele era amigo do peito de vários latifundiários da região, conhecidos como "os coronéis". Esses senhores ilustres eram opressores dos pobres, marginalizavam os sertanejos, excluindo-os do direito à saúde, aos alimentos e até à vida. Pasme, o Padim Ciço pertencia a essa espécie de liga de coronéis do Ceará e a defendia.
      Enquanto o Padim Ciço destacava-se no Ceará com sua influência político-religiosa, o cangaceiro Lampião e seu bando amedrontavam os poderosos dos sertões nordestinos. O "Rei do Cangaço" era devoto do Padre Cícero. O Padre Cícero articulou para que o cangaceiro Lampião recebesse a patente de capitão dos Batalhões Patrióticos. Por volta de 1926, Padre Ciço já era mais político do que religioso, sendo anticomunista de carteirinha. Aproveitando a fidelidade do bandoleiro à sua pessoa, o pároco juntou-se com seus amigos fazendeiros e doaram armas e munição para o cangaceiro e seu bando atacarem "o revoltoso" Luiz Carlos Prestes e sua famosa "Coluna". O curioso é que (dizem que a pedido do próprio Padim Ciço) Lampião nunca atacou os coiteiros ricos, os fazendeiros safados e os políticos corruptos do Ceará. Isso é que é amizade fiel!
      O Padim Ciço, do Juazeiro do Norte, é um ídolo nos lares de milhões de católicos. Em algumas casas, ele está presente no móvel da sala, na penteadeira do quarto, na parede do corredor e em cima do refrigerador da cozinha.

      No Velho Testamento, o primeiro e o segundo mandamentos são um "não" à idolatria (Êxodo 20.3-6). E mais: o idólatra deveria ser morto (Dt 17.1-7). Já no Novo Testamento, a punição é a morte eterna: "Quanto, porém,... aos idólatras... a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte" (Ap 21.8). Entre aqueles que ficarão fora da Cidade Celestial estão os idólatras (Ap 22.15).
      Queridos irmãos e amigos, assimilemos o mesmo consolo e a mesma recomendação contida no final da Primeira Epístola de João: "Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. Filhinhos guardai-vos dos ídolos" (1 Jo 5.20-21).                                                                                                                                                                                              
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Autor MOISÉS DUARTE

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