DEVERES CIVIS, MORAIS E ESPIRITUAIS

TEXTO ÀUREO
“Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13.1).

VERDADE PRÁTICA
Diante da sociedade, o crente tem deveres civis, morais e espirituais.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Romanos 13.1-8

1 — Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus.
2 — Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.
3 — Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela.
4 — Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal.
5 — Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência.
6 — Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo.
7 — Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.
8 — A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.

INTRODUÇÃO
 Na lição de hoje estudaremos o capítulo 13 da Epístola aos Romanos. Paulo trata neste capítulo a respeito da relação dos crentes com as autoridades. Viver pela fé na justiça de Deus implica obedecer às leis, as autoridades governamentais, pagar impostos e seguir as regras e normas estabelecidas, demonstrando então que somos uma nova criatura. A submissão do crente às autoridades revela seu amor e sua obediência às leis de Deus.

Comentários
Nesta Aula, estudaremos o relacionamento do cristão como cidadão de dois mundos: terrestre e celeste. Teremos como texto base o capítulo 13 da Epístola aos Romanos. Em Romanos 12, o apóstolo Paulo abordou nosso relacionamento com Deus (Rm 12:1,2), com nós mesmos (Rm 12:3-8), com nossos irmãos (Rm 12:9-16) e com nossos inimigos (Rm 12:17-21). Agora, no capítulo 13, ele tratará de três aspectos importantes: o relacionamento com as autoridades (Rm 13:1-7), com a lei (Rm 13:8-10) e o comportamento do cristão diante da iminência da volta do Senhor Jesus (Rm 13:11-14). Após dar regras de como viver na igreja, o apóstolo agora explica no capítulo 13 de Romanos como os cristãos podem praticar o cristianismo no mundo secular, político e cotidiano. O cristão é um cidadão de dois mundos, de duas ordens, e Paulo parece dizer como disse Jesus: "Dai, pois, a César que é de César e a Deus o que é de Deus”' (Mt 22:21).

I. DEVERES CIVIS (Rm 13.1-7)
 1. A natureza do Estado. O apóstolo Paulo parte do princípio de que toda autoridade é constituída por Deus. [...] “Não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13.1 — ACRF). A tradução Almeida Corrigida Revisada Fiel usada aqui deixa ambíguo o sentido desse texto ao usar a palavra potestade em vez de autoridade. O termo potestade dá uma conotação de que a referência seja a seres espirituais. Todavia, o termo exousia (autoridade), que ocorre 102 vezes em o Novo Testamento grego, quatro vezes neste capítulo, possui o sentido, nesse contexto, de governantes civis. A referência, portanto, diz respeito às autoridades civis, quer locais, quer nacionais. O princípio da autoridade constituída, ou delegada, vem de Deus, e por isso o crente tem o dever de se submeter a ela. Esse princípio é fartamente documentado no Antigo Testamento, onde é mostrado que nenhum governante exerce autoridade fora do domínio de Deus (Pv 8.15,16; Dn 2.21; Is 45.1-7).

Comentários
“Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus” (Rm: 1.1).

O Estado é o agente organizador da sociedade. Não haverá nação sem uma sociedade organizada política, jurídica e administrativamente, sobre uma base territorial definida. Todavia, para se processar uma organização social não se fará com simples distribuição de flores, de sorrisos, de conselhos, isto porque interesses terão que ser contrariados. Daí a necessidade do agente organizador, que, no caso de uma nação, é o Estado que necessita da força coercitiva necessária, e esta vem do poder. Não haverá o Estado sem que haja o poder. O Estado no uso do poder constitui o governo, e este é que vai gerir os interesses da sociedade.
Para preservar a boa ordem da sociedade é preciso haver autoridades e sujeição a estas autoridades. De outro modo, teríamos um Estado de anarquia, no qual ninguém sobrevive por muito tempo. Qualquer governo é melhor que a ausência total de autoridade. Assim, Deus instituiu o governo humano, e nenhum governo existe fora da vontade divina. Isso não significa que Deus concorda com todos os atos de governantes humanos. Por certo, Ele não aprova corrupção, injustiça, brutalidade e tirania. Ainda assim, não há autoridade que não proceda de Deus.

Com relação à autoridade constituída, Paulo destaca três aspectos importantes:

a) A autoridade procede de Deus. Disse o apóstolo Paulo: “... porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13:1). Paulo não defende aqui nenhuma forma específica de governo, mas afirma que esse governo é uma instituição divina. É Deus quem levanta e depõe reis. É ele quem coloca no trono aqueles que governam e os tira do trono. Ele é quem governa o mundo e faz isso mediante as autoridades constituídas. Deus é Deus de ordem, e não de desordem. Ele instituiu o governo, e não a anarquia.
b) O compromisso de obedecer à autoridade – “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores...” (Rm 13:1a). Neste texto de Romanos 13:1, ao mencionar "autoridades superiores", Paulo está referindo-se ao Estado, com seus representantes oficiais. A atitude que devemos ter em relação às autoridades é sujeição. O apóstolo ainda afirma: “é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência“(Rm 13:5). 
Segundo Hernandes Dias Lopes, a obediência à autoridade não tem o caráter de resignada submissão inspirada por temor ou medo. Sua obediência não se dá só por medo das consequências. Você obedece por questão de consciência, pois aceita que a autoridade vem de Deus e, quando obedece à autoridade, obedece a Deus. Segundo William Macdonald, Paulo escreveu este capítulo 13 sobre a sujeição ao governo humano num período em que o infame Nero era imperador. Foram dias difíceis para os cristãos.
Os cristãos podem viver vitoriosamente numa democracia, numa monarquia constitucional e até mesmo sob um regime totalitário.
 Os governos humanos são apenas um reflexo dos homens que os constituem. Por isso, nenhum governo é perfeito. O único governo ideal e perfeito será o governo do Rei e Senhor Jesus Cristo, no Milênio.
c) A atitude de não resistir à autoridade (Rm 13:2) – “Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação”. Paulo fala sobre uma resistência formal, planejada, proposital e sistemática. Aquele que se lança em batalha contra a autoridade legal, atrai sobre si castigo merecido. Essa sujeição, contudo, não implica obediência cega, tem limites. É simplesmente uma atitude de reconhecimento das pessoas que ocupam posição de comando numa sociedade juridicamente organizada.


A resistência que podemos ter não é ao princípio de autoridade, mas aos desmandos da autoridade. O cristão não tem a obrigação de obedecer às ordens do governo que o levem a pecar ou trair sua lealdade a Jesus Cristo (Atos 5:29). Nenhum governo tem o direito de dominar a consciência do individuo. Há ocasiões em que, ao obedecer a Deus, o cristão provocará a ira do homem. Nesses casos, deve estar preparado para arcar com as consequências sem se queixar. John Scott é enfático: "Se o Estado exige aquilo que Deus proíbe, ou então proíbe o que Deus ordena, então, como cristãos, nosso dever é claro: resistir, não sujeitar-nos, desobedecer ao Estado a fim de obedecer a Deus (1Rs 21:3; Dn 3:18; 6:12; Mc 12:17; At 4:19; 5:29; Hb 11:23). Contudo, em nenhuma circunstância, deve se rebelar contra o governo ou participar de complôs para derrubá-lo.

2. O propósito do Estado. A natureza espiritual de um governo civil está no princípio da autoridade a ele delegada. O propósito da sujeição do crente à autoridade constituída, segundo Paulo, é especificado em Romanos 13.3,4. A razão dada é a promoção do bem e a punição do mal por parte da autoridade. Em outras palavras, a manutenção da ordem. Sem obediência a autoridade corre-se o risco de se cair numa anarquia. É por isso que o apóstolo diz que o governo é ministro de Deus para a promoção do bem comum, bem como para frear o mal. A palavra ministro, no grego, é diáconos, vocábulo que mostra o princípio divino por trás do governo humano. São ministros a serviço de Deus, mesmo que sejam governantes pagãos, como, por exemplo, os imperadores Ciro e Nabucodonosor (Is 45.1; Dn 4.17).
O princípio bíblico em relação às autoridades é que o cristão as respeite e as honre (Rm 13.7). A desobediência civil só se justifica no caso de conflito entre a lei humana e a divina (At 5.29). No caso de governos que decretam leis injustas e estados totalitários que privam o exercício da fé, o cristão, em razão da sua consciência para com Deus, deve moldar-se pela Palavra de Deus, para isso, estando disposto a assumir todas as consequências de seus atos.

Comentários
“Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal”.

Pelo texto citado, o Estado tem dois propósitos, ambos importantes, ambos fundamentais para o progresso e a paz da sociedade.
a) Promover o bem.  O ofício que Deus confiou ao Estado é o ofício que tem a ver com o bem e o mal. Paulo já disse que devemos detestar o mal e apegar-nos ao bem (Rm 12:9); que não devemos retribuir a ninguém mal por mal, mas fazer o bem perante todos os homens (Rm 12:17), e que não devemos deixar-nos vencer pelo mal, mas vencer o mal com o bem (Rm 12:21). Agora, ele descreve o papel que cabe ao Estado com respeito ao bem e ao mal. O papel do Estado é promover o bem e coibir o mal (Rm 13:4).
O objetivo do governo civil não é promover o bem-estar dos governantes, mas dos governados. Eles são ordenados e investidos de autoridade a fim de agir como pavor para os malfeitores e louvor para aqueles que fazem o bem. Se a autoridade é representante de Deus e se Deus é justo e bom, a autoridade precisa compatibilizar-se com o caráter de quem ela representa.
b) Castigar o que pratica o mal. Além de ser “ministro de Deus” para o nosso bem, o governante também serve a Deus aplicando castigo aos que transgridem a lei. Deus proíbe ao cristão aplicar vingança pessoal e ordena ao Estado fazê-lo (Rm 12:17,19). A autoridade deve ser austera no combate ao mal, pois liberdade sem restrição resulta em anarquia. O governo não pode ser complacente com a justiça, com o mal, com a anarquia, com as forças que tentam anarquizar a sociedade.
Cabe ao Estado o exercício da autoridade civil, a manutenção da ordem e a promoção do bem-estar público. Desta feita, o governo não pode agir com frouxidão no castigo do mal. Ele precisa punir exemplarmente os promotores do mal. Tem de reagir com rigor e firmeza contra toda forma de violência, crime, suborno e corrupção (Rm 13:4; Gn 9:6; Pv 17:11,15; 20:8,26; 24:24; 25:4,5).


3. A igreja e o Estado. Paulo mostra que a sujeição por parte dos cristãos às autoridades deve-se primeiramente por razões de obediência. Nesse caso o crente deve submeter-se ao poder coercitivo da lei, pagando impostos e tributos. É interessante notar que Paulo fala de dois tipos de tributos nesse capítulo, phoros e telos. O primeiro termo é uma referência aos impostos diretos enquanto a segunda aos indiretos. Paulo aconselhou os crentes a cumprirem seus deveres pagando seus impostos (Mt 22.21). Mas havia uma razão a mais para a submissão à autoridade — a consciência do crente. O crente não deveria se sujeitar a autoridade simplesmente por medo da lei, mas por uma questão de consciência diante de Deus.

Comentários
O fato de os cristãos serem cidadãos do Céu (Fp 3:20) não os exime das responsabilidades junto ao governo humano. Deve obediência ao Estado e obediência a Deus. Como cidadãos, as nossas obrigações principais para com o Estado são:
a) Políticas. Sendo um país governado por um regime democrático é dever de todo cidadão cumprir o seu papel, exercendo o direito de escolha de seus representantes e governantes. As obrigações legais impostas pela constituição de um país, desde que não sejam contrárias ou colidentes com a Bíblia Sagrada, que é a constituição do Reino de Deus, precisam e devem ser cumpridas. Biblicamente, a ideia de dividir a população da terra em povos e nações não foi do homem, mas, sim de Deus. Até onde sabemos não há qualquer veto bíblico ao processo de escolha de nossos governantes, inclusive pelo voto, e nenhuma proibição à prestação do serviço militar, muito menos de seguir a carreira militar.
b) Contributivas. Pagar impostos é um dever de todo o cidadão, e fazendo assim estamos obedecendo à orientação de Jesus: “Dai a César o que é de César...”(Lc 20:25). Exorta Paulo: “Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra” (Rm 13:7).
O apóstolo Paulo determina que o salvo, em primeiro lugar, como verdadeiro cidadão, leve em conta os seus deveres, cumprindo-os rigorosamente, a fim de que seja exemplo para os demais concidadãos, sejam eles crentes ou não. Começa pelo dever de pagamento de tributos, que, sem dúvida, é o que mais dói em cada cidadão, notadamente na época de Paulo, vez que era o ponto prioritário de todo o sistema de dominação do império de Roma. Lamentavelmente, são muitos os crentes, na atualidade, notadamente num país como o Brasil, que é o país de mais alta carga tributária do mundo, que tentam justificar, à luz da Bíblia, a sonegação de impostos, apelando, para tanto, para o altíssimo nível de corrupção do governo, para a evidente falta de aplicação dos recursos nas necessidades básicas da população. Tais argumentos, entretanto, se analisados à luz da Palavra de Deus, não têm qualquer efeito. Paulo é claríssimo: “por esta razão também pagais tributos, porque são ministro de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto” (Rm.13:6,7a).
O cumprimento de nossos deveres para com o Estado demonstra a qualidade de nossa vida cristã e engrandece o nome do Senhor Jesus e nos torna partícipes da manutenção da ordem publica e da promoção do bem comum.

II. DEVERES MORAIS (Rm 13.8-10)

 1. A dívida que todos devem ter. O apóstolo reconhece os deveres do cristão em relação ao Estado, e aconselhou a não ficarem em débito com ninguém: “A ninguém devais coisa alguma [...]” (Rm 13.8). Em palavras atuais, significa que o crente deve ter o “nome limpo na praça”. Por outro lado, Paulo reconhece outra natureza de dívida, esta não negativa, mas positiva para o crente. A dívida do amor. Não podemos dever nada a ninguém, exceto “o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 13.8). Orígenes, um dos pais da igreja antiga, dizia que “a dívida de amar é permanente e nunca a saldamos; por isso devemos pagá-la diariamente, e sem dúvida, continuaremos devendo”. Amar o semelhante é uma obrigação moral que temos para com a raça humana.

Comentários
“A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 13:8). 
A primeira parte deste versículo significa, em essência: “paguem suas contas em dia”. Devemos livrar-nos de todas as dívidas, não negando, ignorando ou fugindo delas, mas pagando-as. Existe apenas uma dívida de que ninguém pode livrar-se, a dívida do amor. Orígenes, um dos personagens relevantes no início da igreja, dizia que “a dívida de amar é permanente e nunca a saldamos; por isso devemos pagá-la diariamente”. 

A prática desenfreada de aquisição de bens tem sido uma das marcas de nossa era materialista. Isso tem trazido diversos problemas, inclusive para os servos de Deus, que não conseguem resistir a determinadas “promoções imperdíveis” oferecidas pelo comércio e adentram por endividamentos e financiamentos, sem mesmo avaliar se sua situação financeira comportará tais compromissos. Quando esquecemos de planejar nossas finanças e cedemos às pressões “urgentes”, para adquirir coisas supérfluas, corremos o risco de manchar o nome do Senhor e o nosso diante dos homens. O consumismo nos faz comprar coisa que não precisamos, com um dinheiro que não temos, para impressionar pessoas de que não gostamos. Isso é perigoso!
Aquele que cristão diz ser precisa ser disciplinado na administração das suas finanças a fim de honrar os seus compromissos. O ato de comprar parece simples e prazeroso, mas não é. Exige planejamento e reflexão. Jamais podemos comprar por impulso, sem pensar no quanto estamos gastando. Quem compra por impulso e não segue um planejamento, cedo ou tarde acabará tendo problemas financeiros. Devemos lembrar que honrar os nossos compromissos contratuais é um dever cristão e isto é bastante agradável a Deus, pois trará bom testemunho no meio em que vivemos. Você deseja ser bem sucedido financeiramente? Então:
a) Evite o desperdício e o supérfluo. É nossa tendência pensar que só entre os que têm muitos bens materiais há desperdício de recursos. A verdade, porém, é que entre a classe pobre há tantos ou mais pessoas que desperdiçam seus recursos de forma dissoluta. Na parábola de Jesus, aquele que menos tinha, foi quem não soube administrar sua porção. Na experiência diária vemos que crentes sem recursos, que vivem somente do seu ordenado, são muitas vezes aqueles que não sabem direcionar o seu dinheiro. Os pobres podem, nesse caso, ser tão esbanjadores como os ricos, levando-se em conta as devidas proporções. 
Em João 6:12 Jesus ordenou que seus discípulos recolhessem os alimentos que sobrara para que nada se perdessem. Algumas vezes o orçamento acaba porque gastamos com insensatez, com aquilo que não se deve ou não se pode gastar (Is 55:2; Lc 15:13,14). 
b) Economize, poupe e fuja das dívidas. Se os membros das nossas igrejas fossem mais econômicos, seu dinheiro duraria mais. O mal de muitos é não saber direcionar o seu dinheiro, é não ter método no gastar. Se tiver muito, gastam tudo; quando não tem bastante, toma emprestado. Por isso a vida financeira de muitos evangélicos é uma pedra de tropeço diante dos incrédulos. Sejamos cuidadosos na maneira de gastar o nosso dinheiro, busquemos a direção do Senhor de nossas vidas, para que Ele nos ensine a usar o pouco que nos foi entregue. Economize comprando no estabelecimento que é mais em conta. Racionalize os gastos com água, luz, telefone, etc. (ler Gn 41:35,36; Pv 21:20). Abra uma conta-poupança e guarde um pouco de dinheiro, por menor que seja a quantia. Fuja das dívidas!  

2. A segunda tábua da lei. Paulo havia falado muito sobre a Lei nos capítulos anteriores, e aqui novamente ele volta a citá-la: [...] “quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 13.8). A lei dada a Moisés no Sinai foi escrita em duas tábuas (Êx 34.1). Os quatro primeiros mandamentos enfatizam o relacionamento vertical, isto é, entre Deus e os homens: Não ter deuses estranhos; não fazer imagens; não profanar o nome de Deus e guardar o sábado. Por outro lado, os outros seis mandamentos são horizontais, isto é, enfocam o relacionamento entre as pessoas: Honrar os pais; não matar; não adulterar; não furtar; não dar falso testemunho e não cobiçar. O interesse do apóstolo pelas relações interpessoais fica claro quando ele cita, em Romanos 13, esses mandamentos: “Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás [...]” (Rm 13.9).

Comentários
“porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 13:8b). O termo usado para “amor” neste versículo significa uma afeição profunda, abnegada e sobre-humana entre duas pessoas. Esse “amor” sobrenatural não é despertado por nenhuma virtude na pessoa amada; é um amor completamente imerecido. Distingue-se de todas as outras formas de amor, pois é oferecido não apenas às pessoas amáveis, mas também aos inimigos. Certa vez Jesus disse: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5:44). Jesus exige que cumpramos normas diametralmente opostas ao nosso comportamento natural. Essa ética estabelecida por Jesus só pode ser seguida por pessoas que nasceram de novo, que entregaram todo o seu ser ao Senhor: “Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei” (Hb 10:16). Um incrédulo não pode manifestar esse amor divino. Na verdade, até mesmo o cristão não é capaz de demonstrá-lo com forças próprias. Esse amor só pode ser expresso pelo poder do Espírito Santo que habita nos cristãos.
O apóstolo diz que quem ama o próximo tem cumprido a lei (Rm 13:8b), ou pelo menos a parte da lei que ensina a amar nosso semelhante. Em Romanos 13:9, o apóstolo Paulo destaca os mandamentos que proíbem atos de desamor contra o nosso próximo: “Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. 
Ao contrário da imoralidade, o amor não explora o corpo do outro. Ao contrário do homicídio, o amor não tira a vida do outro. Ao contrário do furto, o amor não se apropria dos bens do outro. Ao contrário da cobiça, o amor nem sequer cogita desejar indevidamente a propriedade alheia. 
- “e, se há algum outro mandamento”. Paulo poderia ter mencionado outros dois mandamentos: “não dirás falso testemunho” e “honra teu pai e tua mãe”. Todos eles podem ser resumidos no mesmo preceito: “amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Trate o seu próximo com a mesma afeição, consideração e bondade com que você trata a si mesmo.

3. O segundo grande mandamento. Paulo reforça o seu argumento sobre a lei do amor citando Levítico 19.18. Ele conclui dizendo que “o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.10). O mandamento do amor sintetiza todos os outros preceitos que promovem as relações (Rm 13.9).

III. DEVERES ESPIRITUAIS (Rm 13.11-14)

 1. Consciência escatológica (v.11). Encabeçando a lista dos deveres de natureza espiritual, Paulo apresenta um de natureza escatológica: “E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono [...]” (Rm 13.11). A palavra tempo, aqui, traduz o termo grego kairós, que significa tempo oportuno. Para o apóstolo, a vinda de Jesus era uma realidade sempre presente na vida do crente.

Comentários
Depois de falar da conduta cristã em relação ao Estado e ao próximo, Paulo estabelece um fundamento escatológico para essa conduta. Duas verdades são destacadas: o discernimento do tempo em que vivemos (Rm 13:11,12a) e o discernimento da conduta apropriada que devemos ter nesse tempo (Rm 13:12b -14).
1.Consciência escatológica (Rm 13:11).“E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé”.

Encabeçando a lista dos deveres de natureza espiritual, Paulo apresenta um de natureza escatológica: “E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé”. A volta de Jesus e a nossa plena salvação estão agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. Desta feita, os crentes devem estar alerta e vigilantes para não serem surpreendidos. Paulo sabe que a antiga natureza pecadora ainda irá, ocasionalmente, provocar problemas, por isso o apóstolo pede que os destinatários da Epístola se mantenham acordados. Permanecer muito tempo num estado de letargia espiritual, onde o pecado é tolerado e as boas obras não são praticadas, pode levar a um coma espiritual que nos transforma em seres irresponsáveis perante Deus. Passou a hora de dormir. É hora de acordar e levantar-se. Escrevendo aos efésios, Paulo diz: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará” (Ef 5:14). 

Cada dia que passa nos leva mais próximo ao instante da volta de Cristo, quando seremos conduzidos ao Céu para ficar ao seu lado para sempre. O tempo está se acabando, portanto, precisamos utilizar cada momento para vivermos uma vida correta diante de Deus e dos homens.



2. Consciênia da salvação e do Espírito Santo (vv.11,14). Nos dois últimos versículos de Romanos 13, observamos que há a necessidade de uma consciência que seja soteriológica e pneumatológica (Rm 13.11). A referência direta ao Salvador está na palavra salvação e a referência indireta ao Espírito Santo está na frase: [...] “E não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências” (Rm 13.14). É o Espírito quem produz o fruto na vida do crente de forma que este possa vencer as concupiscências da carne (Gl 5.19-22). Cabe ao cristão andar no Espírito para não satisfazer os desejos da carne.

Comentários
. Discernimento da conduta apropriada que devemos ter nesse tempo em que vivemos (Rm 13:12b-14) - “Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”.
Veja o argumento do Rev. Hernandes Dias Lopes, com relação a este aspecto exortativo do apóstolo Paulo, direcionado a todos os cristãos da igreja em Roma, bem como a todos os cristãos do tempo presente. Depois de explicar acerca do tempo, Paulo faz algumas exortações sobre como devemos viver nesse tempo. Paulo usa três imperativos nesta passagem: "deixemos", "revistamos" e "andemos". Estes três verbos governam o pensamento do apóstolo.
a) Deixemos as obras das trevas. "Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz" (13:12b). Não basta estarmos acordados, precisamos despojar-nos das obras das trevas. Não é suficiente apenas tirarmos as vestes noturnas, precisamos vestir-nos das armas da luz. Um soldado não vive de pijamas, ele se atavia com roupas próprias para o combate. A vida cristã não é um spa espiritual, mas um campo de batalha.
b) Andemos como filhos da luz. "Andemos dignamente como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes (Rm 13:13). Paulo passa da vestimenta adequada ao comportamento apropriado. Paulo lista aqui seis pecados, em três pares: trata da falta de controle nas áreas da bebida, do sexo e dos relacionamentos. Concordo com John Stott quando ele diz: "A falta de controle próprio nas áreas de bebida, do sexo e dos relacionamentos sociais contradiz totalmente um comportamento cristão decente”.
c) Revistamo-nos do Senhor Jesus. "Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências" (Rm 13:14). Em vez de viver premeditando como satisfazer os desejos da carne, o cristão deve revestir-se do Senhor Jesus Cristo, tornando-se semelhante a Ele. Todos os deveres cristãos estão incluídos no "revestir-se do Senhor Jesus", em ser como Ele, tendo aquela semelhança de temperamento e conduta resultante de estar intimamente unido a Ele pelo Espírito Santo. Essa união proíbe a tolerância para com toda inclinação pecaminosa. A salvação é do pecado e para a santidade. Devemos andar como Jesus andou, falar como Jesus falou, agir come Jesus agiu, sentir como Jesus sentiu. Jesus deve dominar-nos da cabeça aos pés!
É válido ressaltar que foram os textos de Romanos 13:13,14 que Deus usou para converter Agostinho a Cristo e à pureza. Quando Agostinho terminou de ler o versículo 14, entregou-se ao Senhor e, desde então, é conhecido historicamente como “santo” Agostinho.

CONCLUSÃO

 Nesta lição, vimos as responsabilidades que o cristão deve assumir, tanto no convívio social como espiritual. Como ser social, temos deveres para com o Estado. Devemos respeitar a ordem estabelecida. Todavia, como ser moral e espiritual temos deveres para com o outro. Não somos apenas cidadão do céu (Fp 3.20), somos também cidadãos da Terra. Devemos investir nos relacionamentos horizontais, mantendo sempre em mente que o salvo em Cristo não é uma ilha. Precisamos uns dos outros.

Comentários
As autoridades Eclesiásticas também são constituídas por Deus e precisam ser obedecidas. Existem crentes prontos a obedecer às autoridades civis e militares, porém, ignoram as eclesiásticas. A Bíblia Sagrada que manda obedecer às autoridades constituídas – “Sujeitai-vos, pois, a toda ordenança humana por amor do Senhor, quer ao rei, como superior, quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores...” -, é a mesma Bíblia que também diz: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles...” (Hb 13:17). Não importa quem seja o Pastor da Igreja, nem suas qualidades intelectuais, ou aparência física. Se nós cremos na Bíblia, se cremos que nossa igreja é aquela que Jesus chamou de “a minha Igreja” (Mt 16:18), se cremos que é Jesus quem dá pastores para Sua Igreja e, se cremos que o pastor prestará contas de seu governo ao Senhor, então devemos fazer o que a Bíblia ordena, no sentido da obediência e sujeição. Amém!



ELABORADO PELO PB. LAELSON DA IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS EM SERRARIA, MACEIÓ, AL.

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Autor MOISÉS DUARTE

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