A Evangelização dos Grupos Religiosos

   Embora estejamos num século indiferente a Deus, o ser humano nunca se acercou de tantos ídolos, mitos e divindades. Até mesmo os ateus aferram-se aos seus deuses, pois temem não o porvir, mas o presente. Os que se opõem a Jesus incensam falsos messias e salvadores. Quanto aos irreligiosos, o que diremos? Têm eles as suas religiões, nas quais buscam refugiar-se nas tempestades da vida. Infere-se, de todo esse quadro, que o homem moderno continua a ser o mesmo homo religiosus descoberto pela antropologia nas sociedades tidas como primitivas e atrasadas.
   O homem, por sua vocação, jamais deixará de ser religioso. Que o digam os santuários, capelas e templos espalhados pela cidade e encravados no campo. Por essa razão, o evangelista há de preparar-se, a fim de expor a mensagem da cruz até mesmo aos que, presumindo-se evangélicos, jamais experimentaram o poder do evangelho. Somente Jesus Cristo conduz à verdadeira religião.

I. Religião, Necessidade ou Invenção

   Afinal, o que é a religião? Invenção divina? Ou necessidade humana? Se partirmos do pressuposto de que Deus, como o Criador de todas as coisas, nada precisa inventar, concluiremos que a verdadeira religião não é invencionice divina, mas a expressão máxima do amor que levou o Pai Celeste a enviar o Filho a morrer em nosso lugar. O homem, porém, ao afastar-se de Deus, endeusou-se, e pôs-se a inventar as mais absurdas seitas e as mais esdrúxulas religiões.

1. Religião, religar ou reler. A palavra hebraica traduzida ao português como “religião” é avodháh, que, entre outras coisas, significa trabalho e adoração. Se formos ao grego do Novo Testamento, constataremos que o termo threskeia, usado por Tiago, não traz a ideia de uma religião meramente formal, mas evoca a adoração que Deus requer de cada um de nós (Tg 1.26). A religião, portanto, não deve circunscrever-se à liturgia, mas ampliar-se no serviço que a criatura tem de prestar continuamente ao Criador. É por isso que, no inglês, a palavra “culto” é traduzida pelo vocábulo service.

2. Religião, necessidade universal. Ao chegar a Atenas, deparou-se Paulo com uma metrópole entregue aos ídolos e aprisionada à idolatria.
   Naquela cidade, era mais fácil encontrar um deus do que um homem. Em todas as esquinas, havia um nicho; em cada praça, um santuário; em cada logradouro, um templo. O apóstolo observou também que, entre todos aqueles altares, havia um consagrado ao Deus Desconhecido.
   Tendo como ponto de partida aquele insólito objeto de culto, Paulo utilizou-o, a fim de mostrar aos filósofos epicureus e estoicos as bases da verdadeira religião. Ele deixou-lhes bem claro que o sentimento religioso, que é universal, deve ser centrado apenas no Deus Único e Verdadeiro.    Ouçamos o apóstolo:
   Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: Ao Deus Desconhecido. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo 􀙼xado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós; pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração. Sendo, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados pela arte e imaginação do homem. Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, noti􀙼ca aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos. (At 17.22-31, ARA)

3. Religião, separação e invenção. Deus não apenas é o criador da verdadeira religião, mas a verdadeira religião em si. Toda a nossa adoração, serviço e culto devem ter, como alvo supremo, glorificar-lhe o nome. Por isso, Ele ordena ao seu povo, Israel, no preâmbulo dos Dez Mandamentos:
   Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. (Êx 20.2-5, ARA)

II. Mitos sobre a Religião
Sendo o homem um ser religioso, vem ele cristalizando, ao longo de sua romaria espiritual, alguns mitos em torno da religião. Tais mitos, na verdade, não passam de subterfúgios, que o levam a esconder-se da face divina. Isso signi􀙼ca que, frente à nossa vocação religiosa, há tão somente duas alternativas: ou adoramos ao Deus Único e Verdadeiro ou não o adoramos. Se não o adoramos, a quem estamos cultuando? A nós mesmos ou a Satanás?

1. Mito um: todas as religiões são boas. Se há tão somente duas religiões, como podemos afirmar que todas as religiões são boas. Como já dissemos, ou servimos a Deus, ou prestamos cultos a nós mesmos e a Satanás. Mas partamos do princípio de que todas as religiões são boas.
   Vejamos, por exemplo, o caso de Moloque. Em sua adoração, os amonitas queimavam suas criancinhas (Lv 18.21; Jr 32.35). E, no culto a Baal-Peor, divindade venerada por midianitas e moabitas, os desregramentos sexuais não tinham limites (Os 9.10). Em consequência desses cultos vergonhosos, o Senhor castigou severamente a Israel (Nm 25; Jr 32.35). Vê-se, pois, que nem todas as religiões são boas.

2. Mito dois: todas as religiões levam a Deus. Com base nos casos mencionados nos tópicos anteriores, como podemos alegar que todas as religiões levam a Deus? No tempo de Paulo, a civilização greco-latina dava-se ao culto aos demônios (1 Co 10.20,21). Hoje, não é diferente. Muitos são os que sacri􀙼cam animais e víveres aos ídolos. E, nos últimos dias, a humanidade adorará a Besta, o Falso Profeta e o Dragão (Ap 13.4).
   Tais religiões não conduzem o homem a Deus, mas ao Diabo. Não nos esqueçamos daqueles que, declaradamente, prestam culto a Satanás.

3. Mito três: nenhuma religião é verdadeira. Conforme já vimos, a Bíblia declara que existe, sim, uma religião verdadeira que é descrita, por Tiago, como pura e imaculada (Tg 1.27). Por conseguinte, não podemos nivelar, por baixo, a religião que nos foi concedida pelo Senhor por meio de seus santos profetas e apóstolos.
   A religião verdadeira é a revelação que Deus fez de si mesmo através das Escrituras Sagradas, para que o adoremos como o Único e Verdadeiro Senhor, e ao seu Unigênito, Jesus Cristo, como o nosso Único e Suficiente Salvador. Em sua oração sacerdotal, o Senhor Jesus descreve a verdadeira religião (Jo 17).
   Já não resta dúvida alguma. Há somente duas religiões: a divina e a não divina. Logo, é a nossa obrigação pregar a Cristo aos religiosos, mesmo que estes sejam rotulados, às vezes, de evangélicos.

4. Mito quatro: há muitas religiões. Do que acima dissemos, concluímos haver apenas duas religiões: a divina e a não divina. A primeira é descrita por Tiago como sendo pura e imaculada, pois, além de reconhecer a Deus como o Pai dos que recebem Jesus Cristo, traduz-se por obras meritórias e boas como evidências de uma fé verdadeira e santa (Tg 1.27).
   Por conseguinte, o apóstolo denota existirem apenas duas religiões: a imaculada e pura e a impura e maculada. A primeira é a religião dos patriarcas, dos profetas e dos apóstolos, tendo como fundamento a encarnação, a morte vicária e a ressurreição do Filho de Deus. Quanto à segunda, é a religião que, tendo como alicerce a mentira que Satanás contou primeiro a si mesmo e, depois, a nossos pais, no Éden, vem desdobrando-se em seitas que, rapidamente, ganham foros de religião. 

III. Como Evangelizar os Religiosos

Tendo como exemplo a ação evangelística de Jesus, vejamos como expor o Evangelho aos religiosos.

1. Não discuta religião. Ao receber Nicodemos, na calada da noite, o Senhor Jesus não perdeu tempo discutindo os erros e desacertos do judaísmo daquele tempo. De forma direta e incisiva, falou àquele príncipe judaico sobre o novo nascimento (Jo 3.3). Sua estratégia foi certeira. Mais tarde, Nicodemos apresenta-se voluntariamente como discípulo do Salvador (Jo 7.50; 19.39).
   Em vez de contender com os religiosos, exponhamos-lhes que Cristo é a única solução à humanidade caída e carente da glória de Deus.

2. Não deprecie religião alguma. Em seu encontro com a mulher samaritana, Jesus não depreciou a religião de Samaria, nem sublimou a de Israel, mas ofereceu-lhe prontamente a água da vida (Jo 4.10). A partir da conversão daquela religiosa, houve um grande avivamento na cidade, repercutindo pentecostalmente em Atos (At 8.5-14).
   Se depreciarmos a religião alheia, não teremos tempo para falar de Cristo, pois a evangelização exige ações rápidas e efetivas.

3. Mostre a verdadeira religião. Sem ofender a religiosidade de seus ouvintes, mostre, em Jesus Cristo, a verdadeira religião. Foi o que Paulo fez em Atenas. Tendo como ponto de partida o altar ao Deus Desconhecido, anunciou-lhes Cristo como o único caminho que salva o pobre e miserável pecador (At 17.26-34).
   Se agirmos assim, teremos êxito na evangelização dos católicos, espíritas, judeus, muçulmanos, ateus e desviados.

Fonte: O Desafio da Evangelização. Claudionor de Andrade. CPAD.
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Autor MOISÉS DUARTE

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