Salvação - O Amor e a Misericórdia de Deus

Deus é um ser único e incomparável em um nível muito superior ao que conhecemos simplesmente por Ele ser Deus. Os critérios que Ele usa para definir o que Ele faz pelo ser humano não estão condicionados ao que o ser humano pode fazer por Ele e o quanto o ser humano pode amá-lo e corresponder a esse amor. Da mesma forma, sua misericórdia não encontra eco nas ações humanas que possam ter como objetivo algum merecimento, mas, exclusivamente, porque Ele é amor e exerce misericórdia deliberada e voluntariamente.
A salvação é a culminação do imenso amor e da misericórdia de Deus e somente é possível porque Deus amou o pecador infinitamente a ponto de entregar seu filho e continuamente tem misericórdia de seus filhos preservando-lhes a vida e concedendo-lhes perdão.

O amor não é um atributo divino assim como os demais que lhe são próprios por ser Deus, pois o amor é a própria natureza e essência de Deus (1 Jo 4.16). Sua principal característica é simplesmente ser amor e criar, manter e gerir todas as coisas sob essa essência. Deus não precisa esforçar-se para amar, pois nEle não se manifestam o ódio nem a raiva como nos seres humanos. Todavia, a Bíblia afirma que Deus manifesta ira, furor e punição, só que esses são frutos de sua justiça exercida com equidade, e não de qualquer patologia como nos homens. Essas manifestações são a consequência natural da alienação (separação) do homem de Deus, pois ninguém consegue viver alienado de Deus sem sofrer as consequências naturais desse afastamento.

Deus ama não somente a criança abandonada, a menina abusada, aquele que foi morto por uma bala perdida, a mulher que teve sua casa incendiada pelo marido com ela dentro, mas Ele também ama aquele que abandonou a criança, o que abusou da menina, o que apertou o gatilho, o que incendiou a casa, embora Ele abomine essas atitudes e aja com justiça contra os maldosos. Deus amou aquele que não o reconheceu, aquele que o rejeitou, aquele que o traiu, aquele que o negou. O mundo não é um lugar belo e digno de ser amado, tem muito ódio e malignidade, mas, mesmo assim, Deus amouo.
Por esse motivo, Jesus disse: “[...] sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (Jo 13.1).
Jesus amou os do mundo exatamente como eles eram, sem fantasiar esse amor, sem ser enganado, pois conhecia o coração deles (Mc 12.15; Lc 11.17).
Por isso mesmo, Deus não está iludido em relação a nós. Ele sabe quem nós somos, que pecamos, que temos dificuldade para amar, que muitas vezes viramos as costas para Ele; mas, assim mesmo, Ele continua e continuará amando incondicionalmente. Quando o homem disse “não” para Deus, só houve um jeito de Deus trazê-lo para si: dando as costas para si mesmo e encarnando como homem. Dizer “não” para si mesmo para dizer “sim” ao ser humano a quem Ele ama.

A misericórdia de Deus é necessária em face da miserabilidade do homem.
Por esse motivo, a Bíblia refere-se a Deus como o Pai das misericórdias (2 Co 1.3), de forma que tudo o que Ele faz é permeado por sua misericórdia (Sl 145.9), especialmente a obra de salvação pela qual estamos salvos (Tt 3.5).
Assim, a misericórdia é a fidelidade de Deus para com a aliança de amor estabelecida com a humanidade (Sl 89.28) apesar da infidelidade e da indignidade desta.

A primeira evidência da salvação na vida do crente é a maneira como ele ama a Deus. Esse amor é demonstrado na singela experiência de comunhão íntima com o Senhor (Sl 18.1; 116.1) e na obediência aos seus mandamentos (Dt 10.12; Jo 14.21). A segunda evidência é o amor demonstrado ao seu semelhante, que, conforme João escreveu, é a evidência material de seu amor para com Deus (1 Jo 3.17). Porém, a luta entre o amor e o desamor é acirrada nos corações.

Somos inclinados a não amar. Sabemos que não amamos e nem sabemos amar, mas, através da salvação amorosa praticada por Cristo a nosso favor e uma vez convertido a Ele, que negou a si mesmo a sua condição de Deus para assumir a fraqueza humana, é arrancado do nosso coração o ódio e, então, cheio com a capacidade de amar. Assim, devemos ser esforçados para amar.
Para isso, muitas vezes precisamos resignar a nós mesmos, suportar, minimizar, perdoar, não usar de violência nas palavras, acolher, cuidar e fazer tudo o que se relaciona ao amor. Como afirmou Fiodor Dostoiévski (1821– 1881), “o amor é um tesouro tão precioso que com ele podes comprar o mundo inteiro, e ainda redimes não só teus pecados, mas também os dos outros. Vai [amando], e não tenhas medo.”

Amor e sofrimento andam juntos. Quem ama precisa estar disposto a sofrer, pois as relações com o outro são precárias pelas próprias limitações do ser humano e pelo estado pecaminoso em que todos nós vivemos. Ninguém consegue satisfazer plenamente o outro numa relação, e isso precisa ser entendido para evitar frustrações, rancores e ter de exigir do outro além do que este pode dar, pois isso não é amor, e sim egoísmo. Entretanto, ao mesmo tempo em que as relações são precárias, elas também são uma manifestação do Reino de Deus entre as pessoas. Quando os relacionamentos são saudáveis e comprometidos, há um esforço para cuidar, nutrir, proteger, lutar, socorrer, prover, exercer misericórdia e estabelecer comunhão — tudo na potência desse amor. O apóstolo Pedro afirmou que esse amor é capaz de curar feridas: “[...] tende ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobrirá a multidão de pecados” (1 Pe 4.8).

Extraído do Livro "A Obra da Salvação" de Claiton Ivan Pommerening - CPAD
Compartilhar Google Plus

Autor Moisés Duarte

    Blogger Comentario
    Facebook Comentario

0 Comentários:

Postar um comentário

DEIXE AQUI O SEU COMENTÁRIO, E E-MAIL, QUE SEMPRE QUE POSSÍVEL EU RETORNAREI A SUA MENSAGEM. QUE DEUS TE ABENÇOE

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial