O que é alegria? Seria a alegria, uma emoção que é sentida, decorrente de alguma circunstância ou em ocorrência de alguma conquista? O que causa alegria em um ser humano?
A alegria da qual trataremos aqui, não se trata simplesmente de uma emoção sentida em decorrência de algo, e sim, de um estado de espírito, de uma qualidade, baseada no próprio Deus, que é característica da vida cristã. O dicionário Aurélio define alegria como sendo “qualidade ou estado de quem tem prazer de viver, contentamento ou satisfação”.
Todos desejam ser felizes (alegres), entretanto, procuram a felicidade em lugares ou em alvos errados. Veremos no decorrer desta lição que a conclamação a vivermos uma vida de alegria, foi feita exatamente por um homem que se encontrava aprisionado e, prestes a receber sentença de morte. Mas como ele conseguia manter-se alegre em meio a tantas adversidades? Veremos isto em nosso estudo acerca do tema proposto.
Texto Áureo: “Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos”. Fp 4.4
Essa palavra do regozijo é escrita por um preso, cujo processo judicial de vida e morte acaba de entrar em um nível decisivo. Por essa razão tem peso o “sempre”! Ainda que venha a chegar a Filipos a notícia da sentença de morte de Paulo, ele já declarou isso expressamente em Fp 2.17 – ainda que as opressões na própria vida dos irmãos de Filipos não acabem, ainda que existam os “muitos” dos quais somente se pode falar com lágrimas no rosto, a alegria é dádiva e tarefa essencial da igreja! Entretanto, observemos que esta alegria da qual o apóstolo fala, está baseada NO SENHOR. “No Senhor” a igreja “sempre” possui alegria! Assim como expressou Neemias “A alegria do Senhor é a nossa força”.
Até mesmo as aflições pelas quais passou, na verdade é “participação nos sofrimentos Dele” (Fp 3.10) e, por isso, é “alegria”. Será que ainda sabemos que “alegria” não é um enfeite secundário ou eventual no cristianismo para os dias favoráveis, mas conteúdo essencial do ser cristão? Será que os cristãos atuais e as congregações cristãs podem ser reconhecidos por sua alegria contagiante e permanente em um mundo que revela seu profundo medo de viver e sua decepção por trás de seus “divertimentos e alegrias”? Porventura o brilho da alegria repousa sobre todos os nossos cultos cristãos?
Paulo presta um serviço também a nós quando recomenda expressamente: “Novamente direi: alegrai-vos!”. Nesta carta, Paulo está constante mente recomendando aos irmãos de Filipos a permanecerem firmes na fé com alegria no Senhor.
INTRODUÇÃO
Vale salientar que a alegria do cristão, de acordo com os ensinos paulinos deve, sempre, está associada à salvação e na comunhão com Deus, e não deve jamais, ser destruída pelas adversidades desta vida, sejam quais forem. A alegria que nosso Deus nos concede é um reforço para a nossa fé nos tempos de adversidades. A alegria do Senhor funciona como um consolo para corações aflitos. Paulo sabia que os irmãos de Filipos poderiam, em virtude de sofrimentos e adversidades da vida, serem tomados pelo desânimo e, até mesmo a abandonarem a firmeza na fé em Cristo. Por isto, ele os exorta a se alegrarem em Deus.
EXORTAÇÃO À ALEGRIA E FIRMEZA DA FÉ
Mais uma vez Paulo exprime sua alegria e orgulho por causa de seus amigos filipenses, encorajando-os de novo a que permaneçam firmes na vida cristã. Paulo trata os irmãos de Filipos como “alegria e coroa”. Alegria porque Paulo via neles a prova de que estava correndo bem a sua carreira. Aqueles que levou a Cristo são sua maior alegria justamente quando se vê circundado de trevas. Coroa é stephanos, e esta palavra que se usa neste texto tem duas aplicações.
(1) Era a coroa do atleta que saía vitorioso nos jogos gregos e que era feita de folhas de oliveira brava entretecidas com salsinha verde e folhas de louro. Ganhar esta coroa era a ambição suprema do atleta.
(2) Era a coroa com que se coroavam os hóspedes quando participavam num banquete ou numa festa nas grandes celebrações. É como se Paulo dissesse que os filipenses são a coroa de todas suas fadigas, esforços e empenhos: ele era o atleta de Cristo e eles sua coroa.
Não há no mundo alegria semelhante à de levar uma alma a Jesus Cristo. Paulo os via como prêmio concedido por Cristo e, deste prêmio ele deveria cuidar com muito esmero.
A duas mulheres membros da igreja Paulo roga, mencionando seus nomes, que alcancem unanimidade de espírito, como irmãs em Cristo; e a um de seus colaboradores Paulo roga que as ajude nesse esforço. Considerando o fato de que (numa carta destinada a ser lida na igreja) Paulo roga a cada uma, pelo nome, que sintam o mesmo no Senhor, podemos deduzir que o desacordo entre elas, não importando sua natureza, representava uma ameaça à unidade da igreja, como um todo. Entretanto, desse fato, que apenas duas irmãs são mencionadas nominalmente, pode-se inferir que essa dissensão pessoal seria algo perturbador e capaz de abalar a saúde espiritual da igreja.
A alegria de ter os nomes escritos no Livro da Vida. As cidades antigas mantinham o registro dos nomes de seus cidadãos; e esse fato foi transportado para a linguagem espiritual, indicando que, na nossa pátria ou cidade celestial esses registros também são conservados. Ter alguém o seu nome registrado nesse livro é a mesma coisa que dizer que ele possui a vida eterna, porquanto e um dos cidadãos do Reino Eterno. Certa vez os discípulos de Cristo retornaram de uma missão com o sorriso nas orelhas, muito alegres pelo fato de os demônios se submeterem a eles pelo poder do nome de Jesus, entretanto, Cristo disse que a alegria deles não deveria estar baseada naquilo, e sim, no fato de terem a certeza da salvação, por terem os nomes escritos no Livro da Vida. Lc 10.20. A nossa alegria não deve ser baseada em fatos terrenos, em conquistas humanas ou naquilo que possuímos, e sim, naquilo que gozaremos na Eternidade.
A ALEGRIA DIVINA SUSTENTA A VIDA CRISTÃ
A alegria só será verdadeira e permanente se for baseada no Senhor. Só é possível experimentar esta alegria à medida que estivermos com Cristo. Através desta comunhão somos estimulados a permanecer firmes na fé. Por isto, que mesmo passando por tantas adversidades, Paulo tinha tanta alegria. A alegria é um dos aspectos do fruto do Espirito Santo. Por conseguinte, trata-se de uma qualidade espiritual, como produto do desenvolvimento do crente em sua vida espiritual. Portanto, temos aqui o chamamento não apenas para o regozijo, mas também para um desenvolvimento espiritual, o que nos confere confiança, alegria e o senso de bem-estar, a despeito de nossas circunstâncias externas.
Esta alegria é um dos frutos do Espírito. As pessoas que não têm a Cristo possuem uma alegria passageira e ilusória, pois são dependentes dos prazeres carnais. Entretanto, a alegria que Deus nos dá, vem de uma vida de comunhão com Ele e de sabermos que habitaremos com Ele por toda a Eternidade. Assim como os frutos do Espirito não são concedidos, e sim, produzidos em nossa vida, assim também é esta alegria. Tal alegria, também produz moderação na vida cristã. E por que o homem tem que ser assim? Por que tem que possuir esta alegria, gentileza e bondade em sua vida? Porque o Senhor está às portas. A certeza da presença do Senhor, a confiança em poder aproximar-se de Deus mediante oração e ações de graças e a consequente paz no coração se manifestarão numa atitude de cortesia para com todos. Sim, o Senhor não se demorara a voltar para nós. Portanto, que o crente não se deixe assaltar por ansiedades e dúvidas a respeito de qualquer coisa. Que não faça nada em excesso, mas que pratique a moderação, ou temperança. Não podemos deixar que os nossos impulsos carnais nos controlem.
A SINGULARIDADE DA PAZ DE DEUS
Visto que "perto está o Senhor," a exortação a seu povo é: não andeis ansiosos por coisa alguma. Isto se enquadra no ensino do próprio Jesus a seus discípulos: "Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir... não andeis ansiosos pelo dia de amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo" (Mateus 6:25-34). Jesus havia estimulado seus discípulos a eliminarem a ansiedade porque o Pai celeste, que alimenta os pássaros e veste a erva do campo com flores, sabia de suas necessidades e podia muito bem supri-las.
Paulo ensina: mas em tudo, pela oração e pela súplica, com ações de graças, sejam as vossas petições conhecidas diante de Deus. Mas, será que Deus conhece as nossas orações? Muitos de nós preferimos deixar que outras pessoas possam apresentar a Deus as nossas necessidades. Torna-se muito mais fácil dizermos às irmãs do círculo de oração, ou ao pastor da igreja: “orem por mim”.
Orar é, muitas das vezes, incômodo para nós. Deixamos, com muito prazer, que outros “ralem” os joelhos em nosso lugar. Sempre encontramos alguém para nos substituir. A desculpa? Como sempre, vamos buscá-la na Bíblia: “Levai as cargas uns dos outros...” Gl. 6.2. É errado pedir aos outros que orem ao nosso favor? De maneira nenhuma! “Orai uns pelos outros” - Tg. 5.15. Isto não significa nada mais que “ajudai uns aos outros em oração”. Ajudar não é levar sozinho, “porque cada qual levará a sua própria carga” Gl. 6.5.
Devemos ter uma vida pessoal de intimidade com Deus através da oração. Não deve, jamais, haver um substituto. Existem coisas que ninguém pode fazer em seu lugar. E uma destas coisas é dedicar tempo ao Senhor.
À semelhança de seu Mestre, Paulo age com máxima certeza de que um elemento essencial da oração é que se peçam coisas a Deus com o mesmo espírito de confiança que as crianças demonstram quando pedem coisas a seus pais. Jamais nos esqueçamos de dar graças pelo privilégio de poder levar todos a Deus por meio da oração. Paulo insiste em que o agradeçamos tudo, tanto o riso como as lágrimas, as tribulações como também as alegrias.
Se os filipenses acatassem esse estímulo, em lugar da ansiedade eles gozariam de paz no coração. Jesus, em João 14:27, concedeu a seus discípulos "a minha paz," que ele deu não "como o mundo a dá." Esta paz nunca pode ser um produto humano, é só um dom de Deus.
CONCLUSÃO
Queridos irmãos, em que está baseada a nossa alegria? Aprendemos com Paulo, que a nossa vida deve estar centrada na pessoa Bendita de Cristo. Só Ele é a fonte da nossa alegria. E a alegria do Senhor nos dá firmeza e paz abundante.
Nos dias atuais, alegria é vista de maneira bem distorcida, assim podemos dizer. A alegria que o mundo busca está baseado em conquistas materiais, quase sempre em alguma coisa física, palpável. Ex. Dinheiro, carros, casas, bom emprego, fama, etc. Entretanto, Paulo não se refere a este tipo de alegria passageira, e sim, a Alegria encontrada na pessoa bendita de Cristo, pois, como disse o salmista, Ele “é a alegria do meu regozijo” Sl 43.4.
Existe uma afirmação no meio gospel que diz que na presença do Senhor até a tristeza salta de alegria, mas será que é verdade? É preciso termos cuidado com o que pregamos e cantamos para não difundirmos heresias. O grupo Diante do Trono canta:
Quando louvamos ao nosso Deus
Flui um rio de vida
Em sua presença até a tristeza
Salta de alegria
Salta de alegria
Salta de alegria
Não é isto o que está escrito na Palavra de Deus, até porque se está saltando de alegria, já não se trata de tristeza. Em Salmos 16.11 o salmista declara: “na tua presença há abundância de alegrias”. Ou trocam esta passagem, ou confundem com o que Jó afirmou: "Na presença dele a tristeza salta de prazer" Jó 41:22. Mas "ele" não é uma referência a Deus e sim ao leviatã; basta ler o contexto. O que esta expressão poética de Jó quer dizer é que mesmo uma pessoa desanimada, quando ameaçada por um leviatã se anima na hora para correr!
Não importando quais sejam as circunstâncias ao nosso redor, se estivermos em comunhão com o nosso Deus, teremos não só a Alegria verdadeira, mas, a Paz verdadeira.
Moisés Duarte
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