“Ora, a suma do
que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à
destra do trono da Majestade” (v. 1). Em primeiro lugar, destaca o autor, nosso
Sumo Sacerdote está assentado à destra do "trono da Majestade". Na
cultura judaica, essa era outra forma de dizer que o sacerdócio de Jesus possuía realeza.
Essa é a mesma linguagem usada no Salmo 110, que é uma poesia profética sobre o
sacerdócio do Messias. A expressão “assentado nos céus” é outra forma de dizer
que Cristo terminou, de fato, a obra da redenção e que estava de vez
qualificado para ser Sumo Sacerdote.
“Ministro do
santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem
" (v. 2). F. F.
Bruce observa que, daqui para frente, o autor passa a discorrer sobre os temas
da aliança, santuário e sacrifício, que estavam intimamente ligados ao sacerdócio
arônico. Dessa forma, o sacerdócio arônico dá lugar àquele que é segundo a
ordem de Melquisedeque; o antigo pacto dá lugar ao novo, e o santuário terrestre
é substituído pelo celeste.1 Esse novo santuário, que é parte do verdadeiro
tabernáculo, é obra de Deus, e não do homem. Embora esse novo santuário não
seja revestido de materialidade, como era o santuário terrestre, ele é muito
mais real e glorioso. Richard Taylor destaca que "o tabernáculo celestial
está em contraste com o terreno, como o espiritual está em contraste com o
material, o tabernáculo terreno era rico em seu apelo material, mas pobre em
sua habilidade de mudar ou satisfazer a alma em seu relacionamento pessoal com
Deus. O tabernáculo celestial, em contraste, é privado de esplendor terreno e
materialidade, mas completo em sua substância espiritual”
"Porque
todo sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios; pelo que
era necessário que este também tivesse alguma coisa que oferecer” (v. 3). O autor já havia discorrido
sobre dons
e sacrifícios em Hebreus 5.1.
Aqui, ele aponta em que sentido a sua argumentação avançara daqui para frente.
O sacerdote levita oferecia as ofertas de cereais no santuário, as quais eram
usadas como uma forma de agradecimento e consagração a Deus. Por outro lado, os
sacrifícios
são uma referência
às ofertas de sangue, que fazia expiação pelo pecado. No capítulo 7.27, o autor
já havia falado que a oferta oferecida por Jesus fora sua própria vida.
“Os quais servem
de exemplar e sombra das coisas celestiais, com o Moisés divinamente foi
avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque fo i dito: Olha, faze
tudo conforme o modelo que, no monte, se te mostrou” (v. 5). O autor usa os termos gregos hypodeigma e skia, traduzidas aqui como exemplo e sombra respectivamente. Mas os termos figura e sombra refletem melhor o original. Alguns intérpretes
têm argumentado que o autor de Hebreus tomou emprestado do platonismo judaico
alexandrino as figuras de um santuário celeste, onde o terrestre é apenas uma
sombra.
“Mas agora
alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um m elhor
concerto, que está confirmado em melhores promessas" (v. 6). O autor continua fazendo o
contraste entre o sacerdócio levítico e o de Cristo. Não sendo apenas uma
sombra, mas a própria realidade, o ministério de Cristo é mais excelente do que
o levítico em tudo. A palavra “alcançou” traduz o termo grego tynkánô, que mantém o sentido de obter, receber e conseguir. Ao usar esse verbo no
tempo perfeito, que é uma referência a uma ação passada com efeitos no
presente, o autor tenciona mostrar que o ministério de Jesus continuava em
pleno exercício quando ele redigia seu texto. Mais uma vez aqui, como fizera em
8.2, o autor usa a palavra leitourgia (liturgia) em referência ao serviço, ministério e
serviço sagrado. Nesse ministério sagrado, Cristo é o mediador de uma melhor
aliança. Ele é a ponte entre o homem e Deus, tomando desnecessária a existência
de intermediários. A superioridade das promessas da Nova Aliança em relação à
antiga não são em relação à garantia de cumprimento, mas, sim, ao conteúdo.
Deus sempre cumpriu suas promessas, tanto na Antiga Aliança como na nova.
Todavia, na cruz do Calvário, Ele proveu uma aliança substancialmente superior à
antiga.
“Dizendo novo
concerto, envelheceu o primeiro. Ora, o que foi tomado velho e se envelhece
perto está de acabar" (v. 13). O sistema de sacrifícios ainda continuava em vigor quando o
autor de Hebreus escreveu essas palavras. Todavia, como um autor inspirado, ele
sabia que, espiritualmente, tudo aquilo já havia sido destituído de valor. Uma
Nova Aliança, que era a própria realidade e cumprimento das promessas e da qual
a Antiga Aliança era apenas um tipo, havia sido estabelecida uma vez por todas.
Extraído do Livro A SUPREMACIA DE CRISTO - José Gonçalves, CPAD.
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