Na lição desta semana, falaremos sobre a maravilhosa graça de Deus na vida de Saulo, o perseguidor, e, ao mesmo tempo, sua resposta em arrependimento e fé ao Senhor Jesus. O nosso objetivo nesta lição é asseverar que o nosso Senhor nos salva pela graça mediante a fé, mas, ao mesmo tempo, devemos responder a esse chamado com arrependimento e fé. Assim ocorre a verdadeira conversão, o novo nascimento.
A conversão de Paulo é um momento
importantíssimo da história da Igreja. A conversão de Paulo é a demonstração de
que Jesus salva até o pior dos pecadores (I Tm.1:15,16). A Bíblia menciona Saulo
pela primeira vez em Atos 7.58. “As testemunhas deixaram seus mantos aos pés de
um jovem chamado Saulo”. O zelo de Saulo o levou a empreender uma acirrada e
implacável perseguição aos cristãos, os da “seita dos nazarenos” como visto na
lição passada.
Saulo estava lá, consentindo na morte de
Estêvão. O termo grego original para “consentindo” é suneudokeo. Sabe o que significa? Significa “ter prazer com outros”.
Ele sentiu prazer nas ações do povo, que por sua vez, sentiram prazer no
consentimento de Saulo. Ele se regozijou durante toda a cena. Não apenas aprovou
ao ver Estêvão dar o último suspiro, ele alegrou-se a cada pedrada dada, como
quem acompanha os pontos marcados em um placar.
Antes de expirar em seu martírio o
crente Estêvão, planta a semente do Evangelho no coração de um jovem fariseu. Enquanto
padece sendo apedrejado, Estêvão brada aos céus: “Senhor, não os consideres
culpados deste pecado” At 7.6. Vimos o implacável Saulo como um verdadeiro
touro bravo a perseguir os crentes em Jesus. Este acontecimento já era o Senhor
pondo em atividade os seus agrilhões contra esse touro bravo. Perdoar dá um
testemunho poderoso de Cristo. No sentido humano, essa única frase pode ter
produzido pode ter produzido mais fruto que qualquer outra desde aquele dia até
os nossos dias.
Saulo se via convicto em suas crenças e
foi fortemente tocado por ver que os nazarenos preferiam morrer a negar a sua
fé. Pessoas somente morrem por aquilo em que realmente acreditar ser verdade
inabalável. Embora alguns neófitos abandonassem a sua fé em Jesus de Nazaré,
muitos se entregavam à morte em vez de negarem sua fé. Isso vai aos poucos comovendo a Saulo. As palavras de Estêvão
haveriam de causar impacto permanente em Saulo.
De repente, enquanto o perseguidor
empreendia sua aparentemente exitosa campanha de grande perseguição contra os
cristãos uma luz ofuscante se abate sobre um assassino perseguidor. Saulo estava
no meio de uma viagem à Damasco quando o Senhor interveio e o derrubou por
terra. Jesus, então, dirigiu-se à Saulo dizendo: “Por que você me persegue?” At
9.4. o encontro o deixa cego. Nenhum outro exemplo ilustra melhor o fato de que uma pessoa pode ser sincera em suas crenças e, no entanto, estar
sinceramente equivocada. Saulo sabia tudo, conhecia muito bem a Lei Mosaica e, ao
mesmo tempo, não sabia nada. Saulo acreditava em sua causa de todo o coração, e
ela o levou a percorrer o caminho da destruição. Ele era sincero.
Naquele magnífico encontro, Jesus não
somente libertou Saulo de satanás, como o libertou de si mesmo, de seu zelo mal
orientado, de sua obsessão. Ele “estava convencido de que deveria fazer todo o
possível” para se opor ao nome de Jesus, o Nazareno – At 26.9. O “zelo
religioso” sem Cristo Jesus nada mais é que “ódio”, que, aliás, era um dos
significados da palavra grega “zêlos” (ζηλος), que deu origem à palavra em língua
portuguesa.
Ao estudarmos a vida de Saulo, como
então, duvidar de que Cristo pode salvar o mais vil pecador? Existe porventura,
alguém tão perverso que não possa ser perdoado? Homicida demais? A graça divina
não impõe nunca um limite à alma contrita. O braço de Deus nunca está encolhido
a que não possa salvar (Is 59.1). Ele alcança o lamaçal mais profundo, mesmo ao
longo da estrada empoeirada para Damasco.
O nosso Deus já havia escolhido Paulo
desde o ventre de sua mãe (Gl.1:15) e é no caminho para Damasco que Jesus Se
lhe revela e ocorre a extraordinária conversão (At.9:1-18). Percebemos, assim,
que Deus permitiu que Paulo fosse formado nas letras judaicas, gregas e
romanas, para que fosse um eficaz vaso na propagação do Evangelho entre os
gentios. Tudo não passara de uma preparação para o ministério que Paulo
iria desenvolver a partir de sua conversão. Tudo quanto aprendera seria utilizado
no ministério. Eis uma demonstração de que o conhecimento secular não é
obstáculo, mas um auxiliar poderoso no ministério de cada cristão. Se o estudo
secular fosse um mal, um entrave na obra do Senhor, por que Deus teria
preparado durante décadas o apóstolo Paulo? Por que Deus permitiria Moisés ser instruído
em toda a ciência do Egito? Há uma frase muito utilizada no meio evangélico de
que “Deus não chama os capacitado, Ele capacita aqueles a quem chama”. Será mesmo
verdadeira tal afirmação? Todo o conhecimento adquirido por Saulo na sua
infância e juventude lhe foram úteis no ministério de Apóstolo. Não duvidando
que Deus capacita aos chamados por Ele, mas, que Ele chama sim aos que são
desde já capacitados.
O ENCONTRO COM
CRISTO
A conversão de Saulo é tão importante
que ela é relatada em três oportunidades no livro de Atos dos Apóstolos: Lucas a narra
na sequência histórica do seu livro em At.9:1-18. Depois, Paulo a menciona em
seu discurso de defesa perante a multidão que havia tentado matá-lo no templo
em Jerusalém (At.22:1-16). Por fim, Paulo torna a lembrar do episódio em seu
discurso perante o rei Agripa (At.26:12-19).
Paulo
viajava pela estrada de Damasco, empenhado em varrer desta cidade os cristãos,
quando "uma luz vinda do céu e mais brilhante que o sol" resplandeceu
sobre ele, e a voz do Cristo ressuscitado o questionou: "Por que me
persegues?"
O
encontro pessoal com Jesus na vida de Saulo começou com um esplendor de luz do
céu, símbolo do Evangelho de Cristo que o próprio Paulo, mais tarde, diria ser a
iluminação que elimina a cegueira espiritual dos incrédulos (II Co.4:3,4). Era
uma luz que excedia o esplendor do Sol (At.26:13), a nos indicar algo que está
além da natureza, talvez para retirar de Saulo a concepção filosófica estoica
de que o “Logos” era a própria natureza. Saulo, envolvido por este clarão,
caiu na terra (não se diz, no texto sagrado, que estivesse sobre algum
animal quando a luz se lhe apareceu, embora se possa inferir que, numa viagem
desta natureza, estivesse a montar um animal) (At.9:4; 22:7; 26:14), gesto
que também simboliza outro requisito indispensável para uma conversão: a
submissão a Deus, a renúncia de si mesmo, a rendição e humilhação ao Senhor.
É importante
observar que Paulo esclarece que o Senhor Jesus lhe falou em hebraico, língua
então morta, só conhecida por estudiosos das Escrituras, como o próprio Saulo.
O que ocorreu, é que os companheiros de Saulo ouviram algo, mas não entenderam,
já que Jesus falou em hebraico (At.26:14). Tendo sido inquirido pelo próprio
Jesus, Saulo responde, chamando a Jesus de Senhor, num sinal de submissão e
reconhecimento da soberania divina de Cristo: “Quem és tu, Senhor?” Saulo,
apesar de toda a sua erudição, inclusive na lei judaica, reconhece com esta
pergunta a sua ignorância.
Sem preparo
consciente, Saulo se viu instantaneamente impelido pelo que viu e ouviu, a
reconhecer que Jesus de Nazaré, o Nazareno, estava de fato vivo após a Sua morte
na cruz, restaurado e exaltado por Deus, e que agora, o estava alistando a Seu
serviço.
A GRAÇA DE DEUS MANIFESTADA NA VIDA DE SAULO A Causa da conversão de Saulo foi a
Graça Salvadora de Deus: (Portanto, ele não foi salvo por seus méritos
ou predicados religiosos nos quais confiava): Ef 2.8,9. Fica evidente
na experiência de conversão de Saulo, quão grande é a graça de Deus para
salvar o mais vil pecador: “[...] Cristo Jesus veio ao mundo, para
salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas por isso alcancei
misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse
toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a
vida eterna” (1Tm 1.15-17). Tornando-se um exemplo de que todos podem
desfrutar da salvação em Cristo Jesus por meio da sua maravilhosa graça (Rm
5.20; Ef 2.8). Em Tito 2.11 Paulo diz: “[...] a graça de Deus se há
manifestado, trazendo salvação a todos os homens”. A vinda do Messias
mostra claramente que, Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef
6.9; 1Pd 1.17). Sendo assim, o ponto de partida da experiência da Salvação de
todos os homens é a Graça de Deus:(Um favor imerecido outorgado por
Deus ao pecador que está debaixo do Seu Juízo) Tt 2;11.
|
CONCLUSÃO
Paulo, que
odiara a fé crista, tornar-se-ia o seu maior advogado. Embora pudesse gabar-se
do muito que fizera no Judaísmo, dali por diante a sua vida estava totalmente
dominada pelo Cristo ressuscitado, que lhe aparecera na estrada de Damasco e
revolucionara a sua vida e as suas ideias.
Após esse
encontro abalador, Paulo prosseguiu a sua viagem rumo a Damasco, fisicamente
cego pelo fulgor daquela luz, mas com os olhos da sua inteligência abertos
agora por aquele a quem estivera perseguindo. Sentia-se de tal modo aturdido e
abalado pela experiência que quando chegou aos seus alojamentos em Damasco viu-se
por três dias incapaz de comer ou beber.
Este estudo
nos mostra que a verdadeira conversão traz uma nova maneira de pensar, sentir e
agir. Vivemos num tempo de profunda confusão existencial. Pessoas pensam uma
coisa, desejam outra e fazem outra coisa completamente diferente do que pensam
e desejam. A conversão bíblica harmoniza coração do crente. Agora é possível
pensar nas coisas do céu, desejá-las e executá-las (Fp 4.8; Cl 3.2-5). Assim,
somos celestialmente coerentes, pois pensamos, sentimos e agimos segundo o
Espírito Santo que habita em nós.
M.D.
Que bênção de comentário, nos traz conhecimento significativo e de fácil compreensão. 🙌
ResponderExcluir