Os dons espirituais,
que são pela graça, mediante a fé, encontram-se na palavra grega mais usada
para descrevê-los: charismata, ‘dons livre e graciosamente concedidos’, palavra
esta que se deriva de charis, graça, o imerecido favor
divino. Os carismas são dons que recebemos sem os merecermos. Dão testemunho da
bondade de Deus, e não da virtude de quem os receberam.
A Bíblia de Estudo
Pentecostal define “dons" como “manifestações sobrenaturais concedidas da
parte do Espírito Santo, e que operam através dos crentes, para o seu bem
comum”. São dotações e capacitações sobrenaturais que o SENHOR, por intermédio
do Espírito Santo, concede à igreja, visando à expansão da obra e a edificação
dos salvos.
Além de auxiliar o
Corpo de Cristo no exercício da Grande Comissão, os dons divinos subsidiam os
santos para que cheguem à unidade da fé (Ef 4.12,13).
Segundo o Dicionário
Teológico de Claudionor Corrêa de Andrade, “os dons espirituais são recursos
extraordinários que o Senhor Jesus Cristo, mediante o Espírito Santo, colocou à
disposição da Igreja, visando: (a) o aperfeiçoamento dos santos (1 Co 14.32);
(b) a ampliação do conhecimento, do poder e da proclamação do povo de Deus (At
1.8; 1 Co 2.4,5); e, (c) chamar a atenção dos incrédulos a realidade divina (Mc
16.20; At 4.29,30)”.
A
NECESSIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS HOJE
Não importa o que
afirmem os descrentes, na tentativa de argumentar contra a atualidade do
batismo com o Espírito Santo bem como dos Dons espirituais. A Bíblia nos dá
base para crermos que os Dons não possuem um ‘prazo de validade’, ou seja, que
deixaram de existir a partir de uma determinada data. Além de que, incontáveis
testemunhos, ratificam a continuidade da promessa da operação dos Dons.
Conhecendo os Dons
espirituais. “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”
(1 Co 12.1). Apesar de as manifestações sobrenaturais pertencerem ao mundo
espiritual, o apóstolo Paulo desejava que as igrejas, e em especial a de
Corinto, conhecessem algumas considerações importantes sobre os dons
espirituais.
E em relação a
distribuição dos dons: Os dons são distribuídos pelo Espírito para perfeito
funcionamento da igreja, que é o corpo espiritual de Cristo, 1Co 12.27. Na diversidade, cada dom é concedido para o
que for útil. Eles não são sinais pessoais de santidade que induzem as pessoas
acreditar que são mais santas ou mais espirituais que outras; também não
transformam as pessoas em superespirituais, nem as tornam melhores ou superiores
a outros crentes, mas são para glória de Deus. Nenhum dom individualiza
qualquer crente, porque o mérito será sempre do Senhor. Os dons fortalecem a
unidade da igreja, promovendo a comunhão dos membros do corpo de Cristo, 1Co
12.12.
A igreja de Corinto era
cheia de dons, no entanto, tinham muitos problemas no uso destes, levando o
apóstolo a trazer vários ensinos sobre o uso e importância, 1Co 12.1. Que não
sejamos ignorantes e façamos uso dessas bênçãos concedidas por Deus, pelo Espírito
Santo, e sirvamos ao corpo de Cristo de forma plena, até o regresso do nosso
Cristo.
Uma característica
predominante em Corinto era a vida pregressa dos membros envolvidos com
idolatria. Muitas manifestações espirituais na igreja lembravam a experiência
mística das religiões de mistérios. Os coríntios precisavam ser ensinados de
forma correta sobre a existência dos dons e de sua utilização dentro do culto e
até fora dele. Por isso, à luz das Sagradas Escrituras, nós devemos ensinar a
respeito dos dons espirituais para que a igreja seja edificada. O ensino
correto das Escrituras nos orienta sobre a forma correta da utilização dos dons
e previne o surgimento de práticas reprováveis no culto.
A Bíblia traz os ensinos corretos sobre o uso
dos dons, e se há distorções nessa esfera, estas acontecem por algumas igrejas
não ensinarem de forma correta o que a Bíblia ensina, e isso contribui para o
surgimento do fanatismo religioso, dos movimentos estranhos e, principalmente,
de muitas heresias. Uma dessas heresias é o denominado cessacionismo.
Essa linha de
pensamento é mais predominantemente divulgada por cristãos que aderem à linha
‘reformada’ de interpretação bíblica. Entre as afirmações para o cessacioninso,
está a certeza de que milagres e sinais foram usados por Deus para afirmar a
mensagem do Evangelho, e, uma vez que o cânon sagrado foi concluído, os dons
não teriam mais necessidade para existir. Ainda ensinam que Deus limitou a si
mesmo em épocas específicas da Bíblia para a prática de milagres.
Mas o que nos ensina a
Bíblia? Ela jamais afirmou que s dons tem um prazo de validade ou manifestação.
“E recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38) esta é uma promessa para todos
os crentes: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a
todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At
2.39).
Vejamos o que diz nossa
Declaração de fé das Assembléias de Deus acerca dos dons do Espírito Santo:
“CREMOS, professamos e
ensinamos que os dons do Espírito Santo são atuais e presentes na vida da
igreja”.
Os cessacionistas, erroneamente,
deduzem que as manifestações dos Dons cessaram após a era dos apóstolos, pelo
fato de o Evangelho já ter chegado aos confins da terra, considerando a
geografia da época. At 1.8; 13.47. Tomam equivocadamente por base para tal
defesa, o texto de 1Co 13.8: “mas, havendo profecias, serão aniquiladas;
havendo línguas, cessarão...”. Eles esquecem, portanto, de observar o versículo
10 que diz: “Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será
aniquilado”. Portanto, esse ‘que é perfeito’ ainda não veio; quando vier,
“então, veremos face a face” v.12.
A
FUNÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS
O SENHOR concede dons
primeiramente para a edificação da igreja, mas também para o crescimento
espiritual do crente (1Co 14.1-4). Somente recebem dons espirituais aqueles
que, antes, forem revestidos de poder. Este princípio bíblico, nem sempre
ensinado, procede do próprio teor das Escrituras. Não vemos os discípulos
exercerem os dons espirituais antes de serem revestidos de poder pelo Espírito
Santo (At 19.6). Todos os mencionado nas Escrituras como receptores de dons
espirituais, antes, foram revestidos de poder, batizados no Espírito Santo,
antes de exercerem os dons.
A Igreja em Corinto
localizava-se numa cidade comercial e próxima do mar. Corinto era uma cidade
economicamente rica, porém marcada pela idolatria. Por conhecer muito bem a igreja
em Corinto foi que o apóstolo tratou em sua Primeira Epístola àquela igreja,
sobre a abundância da manifestação dos dons do Espírito, chegando a afirmar
daquela igreja que “nenhum dom” lhe faltava (1 Co 1.7).
Os dons do Espírito
concedidos por Deus à igreja de Corinto tinham por finalidade prepará-la e
santificá-la para o serviço do evangelho: a proclamação da Palavra de Deus
naquela cidade. Todavia, além de aquela igreja não usar corretamente os dons
que recebera do Pai, ela tinha em seu meio, divisões, inveja, imoralidade
sexual, etc. Por isso Paulo a chama de carnal e imatura (1 Co 3.1,3).
Os dons do Espírito
Santo são recursos imprescindíveis do Pai para os seus filhos. O seu propósito
é edificar-nos e unir-nos, fortalecendo assim a Igreja de Cristo (1 Tm 3.15).
Podemos destacar algumas funções dos dons espirituais:
Edificação individual. Paulo
diz que quem “fala língua estranha edifica-se a si mesmo” (1 Co 14.4). O
apóstolo estimulava os crentes da igreja de Corinto a cultivarem sua devoção
particular a Deus através do falar em línguas, com o objetivo de edificarem a
si mesmo. Isto não significa que o apóstolo dos gentios proibia o falar em
línguas publicamente, mas ao fazê-lo de maneira devocional o crente batizado
com o Espírito Santo edifica-se no seu relacionamento com Deus. O capítulo 14
de 1º Coríntios discorre bastante sobre esta temática. O termo “edificar” é
constantemente utilizado ali. É um relacionamento íntimo entre o salvo e Deus.
Edificação
congregacional. Os crentes de Corinto falavam em línguas e exerciam vários dons
espirituais. Por isso, o apóstolo lembra que os dons só têm razão de existir
quando o portador preocupa-se com a edificação da vida do outro irmão em Cristo
(1 Co 14.12). Em lugar de buscarmos prosperidade material, busquemos os dons
espirituais. Agindo assim edificaremos a nós mesmos e também aos outros. “O que
fala em língua estranha edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a
igreja” (1Co 14.4). Os dons espirituais, principalmente os de expressões
verbais, visam à edificação, consolação e exortação da igreja.
Embora o apóstolo dos
gentios estimulasse todos os crentes a falarem em línguas, isto é, a edificarem
a si mesmos, seu desejo era que também esses mesmos crentes profetizassem a fim
de que a igreja toda fosse edificada. O comentário da Bíblia de Estudo
Aplicação Pessoal diz sobre esse texto: “Embora o próprio Paulo falasse em
línguas, enfatizava a profecia, porque esta edificava a Igreja inteira,
enquanto falarem línguas beneficiava principalmente o falante”.
Edificação do não
convertido. Todos quantos vierem a freqüentar nossas reuniões devem ser
edificados, sejam crentes ou não. Por isso, não podemos escandalizar aqueles
que não comungam a mesma fé que nós (1 Co 14.23). Como eles compreenderão a
mensagem do evangelho se em uma reunião não entenderem o que está sendo falado?
(1 Co 14.9).
Resumidamente, analisemos
os propósitos dos dons espirituais:
• Edificar a Igreja
(1Co 12.12-27; 1Co 14. 4, 5, 12);
• Edificar o crente (Ef
4.11-12);
• Capacitar o crente a
testemunhar de Cristo (At 6. 8-10; 1Co 2. 4,5);
• Capacitar o crente
para ganhar almas para Cristo (At 8.5-8; 9.32-42);
• A glorificação do
Senhor Jesus (Jo 16.14);
• A confirmação da
Palavra de Deus (Mc 16.17-20; Hb 2.3-4);
• Utilidade no serviço
cristão (1Co 12.7; Ef. 4.12; 1Pd 4.10).
Subsídio Teológico
“Dado conforme o
Espírito Deseja”. A primeira relação dos dons com a repetição do fato que cada
um é dado pelo Espírito (1 Co 12.8-10) leva ao clímax no versículo 11, que diz:
‘Mas um só e o mesmo Espírito opera todas as coisas, repartindo particularmente
[individualmente] como quer'. Aqui temos um paralelo com Hebreus 2.4, que fala
dos apóstolos que primeiramente ouviram o Senhor e depois transmitiram a
mensagem: ‘Testificando também Deus com eles, por sinais [sobrenaturais], e
milagres, e várias maravilhas [tipos de obras de grande poder] e dons
[distribuições separadas] do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade’. É
evidente, à luz destes trechos, que o Espírito Santo é soberano ao outorgar os
dons. São distribuídos segundo a sua vontade. Buscamos os melhores dons, mas
Ele é o único que sabe o que é realmente melhor em qualquer situação. Fica
evidente, também, que os dons permanecem debaixo de sua autoridade. Nunca são
nossos no sentido de não precisarmos do Espírito Santo, pela fé, para cada
expressão desses dons. Nunca se tornam parte da nossa própria natureza, ao
ponto de não perdê-los, de serem tirados de nós. A Bíblia diz que os dons e a
vocação de Deus são permanentes (Deus não muda de opinião a respeito deles),
mas aqui há referência a Israel (Rm 11,28,29)" (HORTON, Stanley M. A
Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 201 2, ,.P- 230).
OS
DONS REVELAM A UNIDADE NA DIVERSIDADE
O apóstolo mostra que
quando os dons são utilizados com amor, todo o Corpo de Cristo é edificado. Se
não houver amor, certamente não haverá edificação (1 Co 13). Sem o amor de Deus
nos tornamos egoístas e acabamos por colocar nossos interesses em primeiro
lugar. O propósito dos dons, que é edificar o Corpo de Cristo, só pode ser
cumprido se tivermos o amor de Deus em nossa vida. Se apesar da diversidade,
tivermos unidade.
Deus levanta homens
para edificarem espiritual, moral e doutrinariamente a igreja. A Igreja é o
“edifício de Deus” (1 Co 3.9). O fundamento já está posto pelos apóstolos:
Jesus Cristo (1 Co 3.11). Mas os ministros têm de tomar o cuidado com as pedras
assentadas sobre este alicerce, pois eles também tomam parte na edificação espiritual
da Igreja de Cristo. Por isso, Paulo faz uma solene advertência para a
liderança hoje: “mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode
pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co
3.10,11).
O apóstolo Pedro
exortou a igreja acerca da administração dos dons de Deus (1 Pe 4.10,11). Ele
usou a figura do despenseiro que, antigamente, era o homem que administrava a
despensa e tinha total confiança do patrão. Desta forma, os despenseiros da
obra do Senhor devem alimentar a “família de Deus” (1 Co 4.1; Ef 2.19). Eles
precisam ter o cuidado no uso dos dons concedidos pelo Senhor para prover a
alimentação espiritual, objetivando a edificação do Corpo de Cristo: “Cada um
administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme
graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém
administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja
glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence à glória e o poder para todo o
sempre” (1 Pe4.10,11).
Os dons espirituais listados em 1 Coríntios 12 são:
Palavrada sabedoria; palavra da ciência; fé; curas; operação de maravilhas;
profecia; discernimento de espíritos; variedades de línguas; interpretação de
línguas. A Epístola de Paulo aos Efésios classifica os dons ministeriais assim:
Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores (4.11).
O que mais nos chama a atenção na lista de dons apresentada
por Paulo em 1 Coríntios 12 não são os nove dons, mas a diversidade deles, isto
mostra a unidade da Igreja de Cristo, mas simultaneamente a sua variedade. O Comentário Bíblico Pentecostal Novo
Testamento tem razão
quando fala que “talvez Paulo tenha selecionado estes noves dons por serem
adequados à situação que havia em Corinto”, pois se compararmos a lista de 1
Coríntios com Romanos e também Efésios, veremos que outros dons são
relacionados de acordo com as necessidades de cada igreja local.
Os
dons mencionados em 1 Coríntios 12.8-11 são chamados “dons espirituais”. Vejamos:
Os Dons de Revelação
Por meio desses Dons, a igreja de Cristo manifesta
sabedoria, ciência e discernimento sobrenaturais. São de grande necessidade,
considerando-se a proliferação, inclusive dentro das igrejas, de falsas
doutrinas, de imitação dos dons, de modernismos teológicos, de inovações
antibíblicas, de falsos avivalistas, de “milagreiros” ambulantes, etc.;
•
• Dom da
Palavra da Sabedoria: A sabedoria abordada pelo apóstolo Paulo em 1 Coríntios
12.8a refere-se a uma capacitação divina sobrenatural para tomada de decisões
sábias e em circunstâncias extremas e difíceis. De acordo com Estêvam Ângelo de
Souza, “a palavra da sabedoria é a sabedoria de Deus, ou, mais especificamente,
um fragmento da sabedoria divina, que nos é dada por meios sobrenaturais”
Um
exemplo disso é a revelação e a interpretação dos sonhos de Faraó através de
José, o filho de Jacó (Gn 41.14-41). Ele não apenas interpretou os sonhos de
Faraó, mas trouxe orientações sábias para que o Egito se preparasse para o
período de fome que estava para vir. A habilidade do rei Salomão em resolver
causas complexas, igualmente, é um admirável exemplo de dom da sabedoria no
Antigo Testamento (1 Rs 3.16-28; 4.29-34);
•
• Dom da
Palavra do Conhecimento ou da Ciência: Este dom muito se relaciona
ao ensino das verdades da Palavra de Deus, fruto do resultado da iluminação do
Espírito acerca das revelações dos mistérios de Deus. A manifestação
sobrenatural deste dom tem a finalidade de preservar a vida da igreja,
livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno. Um exemplo foi a
revelação de Daniel acerca do sonho de Nabucodonosor, quando Deus descortinou I
a história dos grandes impérios mundiais ao profeta (Dn 2.2,3; 1 7- 1 9). Em o Novo
Testamento, esse dom foi manifesto quando o apóstolo Pedro desmascarou a
mentira de Ananias e Safira (At 5.1-1 1). O dom da palavra da ciência não é
adivinhação, mas conhecimento, concedido sobrenaturalmente, da parte de Deus;
•
• Dom de
Discernimento de espíritos: O dom de discernimento dos espíritos
é uma capacidade sobrenatural dada por Deus ao crente para discernir a origem e
a natureza das manifestações espirituais. De acordo com o termo grego diakrisis,
a palavra discernir significa “julgar através de”; “distinguir”. Ela denota o
sentido de “se penetrar da superfície, desmascarando e descobrindo a verdadeira
fonte dos motivos”. É um dom defensivo que evita que sejamos enganados pelo
adversário. O dom não é uma permissão para julgar a vida dos outros;
Os Dons de Poder
Mediante os dons de poder, a autoridade e o poder
divinos manifestam-se no crente de maneira sobrenatural sobre o mundo físico.
•
• Dom da
Fé: É a operação sobrenatural da fé para a realização de coisas tidas
como impossíveis na expansão do Reino de Deus. É distinta daquela que
recebemos por ocasião da nossa conversão: a fé salvífica (Rm 10.17; Ef 2.8).
Igualmente, se distingue da fé evidenciada como fruto do Espírito (Cl 5.22). O
dom da fé é a capacidade que o Espírito Santo concede ao crente para este
realizar coisas que transcendem à esfera natural da vida, objetivando sempre a
edificação da igreja. Quando guiou o povo de Israel na saída do Egito e se
aproximou do Mar Vermelho, já na iminência de ser destruído por Faraó, Moisés
disse: “Não temais; estai quietos e vede o livramento do Senhor, que hoje vos
fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre. O
Senhor pelejará por vós, e vos calareis” (Êx 1 4.1 3,14). Moisés “viu” pela fé
o livramento do Senhor antes de o fato acontecer. Esta é uma boa amostra
bíblica do exercício do dom da fé.
A operação
do dom de fé tem algo de semelhante ao dom de operação de milagres, mas esses
dons se distinguem pelo fato de o dom de fé operar sem que, às vezes, seja
visto seu efeito instantâneo, enquanto a operação de milagres tem efeito
imediato;
•
• Dons de
Curar: São concedidos à igreja para a restauração da saúde física dos
seus membros. São recursos de caráter sobrenatural para atuarem na cura de
qualquer tipo de enfermidade. Por isso está no plural. A palavra “curar” está
no plural no texto grego, indicando diferentes curas para vários tipos de
moléstias e enfermidades;
•
• Dom de
Operação de Maravilhas/Milagres: Entes dois vocábulos que designam este dom, no
original, estão no plural. São operações de milagres extraordinários,
surpreendentes e espantosos para levar os incrédulos à conversão; convencer os
céticos e fortalecer os crentes fracos quanto à suficiência infinita de Deus.
Jo 6; At 8.6,13; 19.11; Js 10.12-14. Trata-se de atos sobrenaturais de
poder, que intervêm nas leis da natureza;
Os Dons de Elocução
São dons de expressão verbal e são os mais destacados
na igreja. Ocupam o maior espaço no capítulo em estudo, o qual trata
primariamente da operação dos dons “decentemente e com ordem”. Se manifestam
através de mensagens orais, segundo a orientação do Espírito santo.
•
• Dom da
Profecia: Trata-se de um dom que capacita o crente a transmitir uma
palavra da parte de Deus. Não se trata da entrega de um sermão previamente
preparado.
De acordo
com Stanley Horton, o dom de profecia relatado por Paulo em 1 Coríntios 1 4
refere-se a mensagens espontâneas, inspiradas pelo Espírito, em uma língua
conhecida para quem fala e também para quem ouve, objetivando edificar, exortar
ou consolar a pessoa destinatária da mensagem. Profetizar não é desejar uma
bênção a uma pessoa, pois essa não é a finalidade da profecia. Infelizmente,
por falta de ensino da Palavra de Deus nas igrejas, aparecem várias aberrações
concernentes ao uso incorreto deste dom.
O
dom de profecia é tão importante para a Igreja de Cristo que o apóstolo Paulo
exortou a sua busca (1 Co
14.1). Não
obstante, ele igualmente recomendou que o exercício desse dom fosse observado
pela ordem e cuidado nos cultos (1 Co 1 4.40). Os crentes de Corinto deveriam
julgar as profecias quanto ao seu conteúdo e a origem de onde elas procedem (1
Co 1 4.29), pois elas possuem três fontes distintas: Deus, o homem ou o Diabo.
Devemos nos cuidar, pois a Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento,
mostra ações dos falsos profetas. O Senhor Jesus nos alertou: “Acautelai-vos,
porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas
interiormente são lobos devoradores” (Mt 7.1 5);
•
• Dom de
Variedade de Línguas: Trata-se do falar em outras línguas humanas e
vivas a “xenolália” (At 2.4) ou uma língua desconhecida do
falante “glossolália” (1Co 13.1; 14.2). O primeiro
propósito é a edificação da vida espiritual do crente (1 Co 14.4). As línguas,
ao contrário da profecia, não edificam ou exortam a igreja. Elas são para a
devoção espiritual do crente que recebe este dom. À medida que o servo de Deus
fala em línguas estranhas vai sendo também edificado, pois o Espírito Santo o
toca e renova diretamente (1 Co 14.2). É preciso deixar claro que a
variedade de línguas não é um fenômeno exclusivo do período apostólico. O Senhor
continua abençoando os crentes com este dom e cremos que assim o fará até a sua
vinda. No Dia de Pentecostes, todos os crentes reunidos no cenáculo foram
batizados com o Espírito Santo e falaram noutras línguas pelo Espírito (At
1.4,5; 2.1-4).
•
• Dom de
Interpretação de Línguas: Trata-se da capacidade pelo Espírito Santo,
para o portador deste dom compreender e transmitir o significado de uma
mensagem dada em línguas estranhas.
Na igreja de
Corinto havia certa desordem no culto com relação aos dons espirituais, por
isso, Paulo os advertiu dizendo: “E, se alguém falar língua estranha, faça-se
isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete. Mas, se
não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus”
(1 Co 14.27,28).
O dom de
interpretação de línguas necessita de outra pessoa, também capacitada pelo
Espírito Santo, para que interprete a mensagem e a igreja seja edificada. Do
contrário, os crentes ficarão sem entender nada. Já no caso da profecia não existe
a necessidade de um intérprete.
O
MAU USO DOS DONS
O uso dos dons
espirituais na igreja deve ser regulado e equilibrado pelas Sagradas
Escrituras. Na obediencia à Palavra de Deus está o segredo do crescimento e do
amadurecimento espiritual da igreja de Deus ( At 9.31; 5.32; Gl 5.25).
Os dons espirituais não
devem operar sem o fruto do Espírito (Gl 5.22; 1Co 13; Jo 15.1-8). Quem recebe
os dons, a primeira coisa a fazer é procurarconhecer o que diz a Palavra de
Deus sobre o uso deles.
A igreja de Corinto
tinha os cultos notadamente pentecstais (1Co 12; 13; 14). Nenhum dom lhes
faltava. No entanto, a igreja estava envolvida em diversas dissensões, pecados
morais, além de desordem nos cultos (1Co 11.17-19). Tal desordem tornou-se um
problema para o progresso espiritual da igreja.
Dissensões ou
partidarismo (1Co 11.18; 1.10-13; 3.4-6). As dissensões causava a destruição da
unidade cristã por meio da carnalidade. Carnalidade (1Co 3.1-3). Havia membros
da igreja guiados e cheios do Espírito Santo, mas muitos eram carnais, pois a
vida não era regida pelo Espírito Santo (Rm 8.5-8). Havia ali a intemperança
(1Co 11.21). Alguns crentes ao invés de de fortalecerem o amor e a unidade
cristã antes da Ceia do Senhor, embriagavam-se. Esses cristão cometiam o erro
de de transformar uma festa espiritual, em profana.
É de causar espanto, o
descaso em nossas igrejas, da carência do ensino da Palavra sobre essas
manifestações do Espírito — os dons espirituais. O resultado aí está em muitos
lugares: fanatismo, práticas antibíblicas, meninices, confusão, escândalo e
desonra para o evangelho, ou desprezo e indiferença dos crentes pelos dons. Um
exemplo disso é o caso de “visões” e “revelações”.
Igrejas inteiras,
famílias e crentes à parte têm padecido muito por causa de falsas visões,
revelações e sonhos da parte de visionários, às vezes fanáticos, outras vezes
mentecaptos, e ainda por cima trapaceiros.
Todo poder sem controle
é desastroso. Deus nos concede poderosos dons, mas não é responsável pelo mau
uso deles, por desobediência do portador à doutrina bíblica, ou ignorância
desta. O fogo em casa é indispensável, quando sob controle no fogão, mas como
incêndio... é um sinistro!
Expulsão de demônio à
moda de exorcismo. O costume hoje em dia praticado por determinadas pessoas, de
chamar endemoninhados à frente, praticar expulsão de demônios à moda de
exorcismo, manipulando as pessoas, expulsando demônios “à prestação”, como se
eles estivessem saindo da vítima aos poucos, é prática reprovável e
antibíblica.
Falsos obreiros.
Tenhamos cuidado! Está dito na Palavra de Deus que não somente houve entre os
fiéis falsos profetas, mas que haverá também, nos dias atuais (2 Pe 2.1). Deus
não é de confusão.
O espirito do profeta e
o Espirito do Senhor. Precisamos fazer a nossa parte, a fim de que o Espírito
realize a dEle. E isso está relacionado com a liturgia, conjunto dos elementos
que compõem o culto cristão (At 2.42-47; I Co 14.26-40; Cl 3.16). Embora seja
possível liturgia sem culto, não há culto sem liturgia (Is I .II -I 7 ; 29.13;
M t 15. 7-9; I Co I I . 17-22).
Se alguém reconhece que
tem recebido dons espirituais para um ministério de poder, o primeiro passo não
é sair fazendo demonstrações pueris, escandalosas e antibíblicas. Não. O
primeiro passo é conhecer o que a Bíblia ensina sobre um determinado
ministério.
CONCLUSÃO
A
Igreja de Cristo Jesus, nestes tempos que antecedem à sua Vinda, precisa mais
do que nunca do exercício e da experiência concreta dos dons espirituais.
Espiritualidade sem organização ministerial pode levar a práticas fanáticas de
falsos exemplos de espiritualidade.
Diz
o apóstolo: “Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei
um caminho ainda mais excelente” (1 Co 12.31). Os dons devem ser procurados com
zelo, com interesse real, e não apenas passageiro, em eventos “de avivamento”.
A exortação é para que experimentemos os dons de maneira sobeja, abundante. Os
dons têm um objetivo primordial: a edificação da igreja.
A
Igreja de Jesus Cristo é a representante dos céus na terra. Ela tem uma missão
que transcende a esfera humana, pois recebeu a incumbência de fazer com que a
“... multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades
nos céus” (Ef 3.10). Sua missão, na terra, é a proclamação do evangelho, num mundo
hostil às verdades de Cristo; um mundo que rejeita a Palavra de Deus. Diante
dessa realidade, a igreja precisa de poder sobrenatural. Os dons espirituais
são um arsenal à disposição da igreja para o cumprimento eficaz de sua missão
na terra.
M.D.
HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012
RENOVATO, Elinaldo. Dons espirituais & Ministeriais - Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2014
AUTORES. Teologia Sistemática Pentecostal. 13. Reimpressão. Rio de Janeiro: CPAD, 2019
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