A NATUREZA DO SER HUMANO - Gn 1.26-28; 2.7


INTRODUÇÃO
1.26 - Por que Deus empregou a forma plural quando disse "Façamos ao homem a nossa imagem"? Uma perspectiva diz que está fazendo referência à Trindade -Deus, o Pai; Jesus Cristo, seu Filho; e o Espírito Santo - todos os quais são Deus. Outra perspectiva afirma que o plural se utiliza para denotar majestade. Tradicionalmente os reis utilizam a forma plural ao falar deles mesmos. Desde Jó 33:4 e Sl 104:30 sabemos que o Espírito de Deus estava presente na criação. Desde Col 1:16 sabemos que Cristo, o Filho de Deus, estava trabalhando na criação.

Como é que somos feitos a semelhança de Deus? Obviamente, Deus não nos criou exatamente como Ele, porque Deus não tem corpo material. Em troca, somos reflexo da glória de Deus. Mas bem, é todo nosso ser o que reflete a imagem de Deus. Nunca chegaremos a ser totalmente iguais a Deus, porque Ele é nosso Criador supremo. Mas sim temos a capacidade de refletir seu caráter em nosso amor, paciência, perdão, bondade e fidelidade.

O saber que fomos criados a semelhança de Deus e portanto possuímos muitas de suas características, proporciona-nos uma base sólida para nossa auto-estima. Nosso valor não se apóia em posses, lucros, atrativo físico ou reconhecimento público. Em troca se fundamenta no fato de ter sido criados a semelhança de Deus. Devido a que somos semelhantes a Deus podemos ter sentimentos positivos a respeito de nós mesmos. Saber que você é uma pessoa que tem valor lhe dá a liberdade de amar a Deus, de conhecê-lo pessoalmente e de fazer uma contribuição valiosa a aqueles que o rodeiam.

Façamos o homem. O momento supremo da criação chegou quando Deus criou o homem. A narrativa apresenta Deus convocando a corte celestial, ou dos outros dois membros da Trindade, a fim de que toda a atenção fosse dada a este acontecimento. Alguns comentaristas, entretanto, interpretam o plural como um "plural de majestade", indicando dignidade e grandeza. A forma plural da palavra Deus, Elohim, pode ser explicada mais ou menos da mesma forma. O Senhor está representado concedendo atenção fora do comum a um assunto cheio de muita significância. 

À nossa imagem (selem), conforme a nossa semelhança (demût). Embora estes dois sinônimos tenham significados separados, aqui não há necessidade nenhuma de se fazer algum esforço para apresentar os diferentes aspectos do ser divino. Está claro que o homem, como Deus o criou, era distintamente diferente dos animais já criados. 

O homem era uma criatura que o seu Criador podia visitar e ter amizade e comunhão com ele. De outro lado, o Senhor podia esperar que o homem Lhe correspondesse e fosse digno de Sua confiança. O homem foi constituído possuidor do privilégio da escolha, até o ponto de desobedecer o Seu Criador, Ele tinha de ser o representante e mordomo responsável de Deus sobre a terra, fazendo a vontade do seu Criador e cumprindo o propósito divino. O domínio do mundo seria entregue a esta nova criatura (cons. Sl. 8:5-7). Ele foi comissionado a subjugar (kábash, "pisar sobre") a terra, e a seguir o plano de Deus e enchê-la com sua gente. Esta sublime criatura, com seus incríveis privilégios e pesadas responsabilidades, tinha de viver e movimentar-se regiamente. 

1.27 - Deus fez tanto ao homem como à mulher a sua imagem. Nenhum dos dois foi feito mais à imagem de Deus que o outro. Desde o começo vemos que a Bíblia coloca tanto a um como ao outro no pináculo da criação de Deus. Nenhum dos sexos é exaltado nem desprezado. A chamada “guerra dos sexos” não provém de Deus.

1.28 - Sujeitai-a significa exercer absoluta autoridade e controle sobre algo. Deus é quem em última instância governa a terra e exerce sua autoridade com cuidado amoroso. Quando Deus delegou parte de sua autoridade à espécie humana, esperava que fôssemos responsáveis pelas outras criaturas que compartilham nosso planeta. Não devemos ser descuidados nem esbanjadores ao levar a cabo a tarefa confiada. Deus foi cuidadoso ao criar a terra. Não devemos ser negligentes ao desfrutar dela.

2.7 - Formou (yeiseir) o Senhor Deus ao homem do pó da terra. A palavra yeiseir foi usada para dar a idéia de um oleiro trabalhando, moldando com suas mãos o material que tinha nas mãos (cons. Jr. 18:3,4). O corpo do homem foi feito do pó da terra, enquanto o seu espírito veio do próprio "fôlego" de Deus. Ele é, literalmente, uma criatura de dois mundos; ambos, a terra e os céus, têm direitos sobre ele. Observe as três declarações: Formou (yeiseir) Jeová ao homem do pó ... e lhe soprou (neipah) nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser (heiyeih) alma vivente. O primeiro passo foi importantíssimo, mas o pó umedecido estava longe de ser um homem até que o segundo milagre se completasse. Deus comunicou a Sua própria vida a essa massa inerte de substância que Ele já criara e lhe deu forma. O fôlego divino permeou o material e o transformou em um ser vivente. Esta estranha combinação de pó e divindade deu lugar a uma criação maravilhosa (cons. I Co. 15:47-49) feita à própria imagem de Deus. 

A COMPLEXIDADE DO SER HUMANO
   Analisemos o homem de uma maneira mais pormenorizada. O ser humano possui suas complexidades, pois, não é formado apenas de uma materialidade (corpo) mas, também da imaterialidade (alma e espírito). Assim sendo, cremos na tricotomia humana. Os seres humanos são as criaturas mais maravilhosas que Deus formou na terra. Há duas correntes teológicas de interpretação para a composição físico-espiritual do homem: os Dicotomistas e os Tricotomistas.

Os dicotomistas professam que o homem se compõe de duas partes. Alma e espírito são, nessa corrente teológica, a mesma coisa. Defendem que cada ser humano é dotado de um corpo material por um eu pessoal imaterial. Tomam por certo que a Bíblia chama isso de “alma” ou “espírito”.

Os tricotomistas professam que o homem é dotado de corpo, alma e espírito. A Bíblia trata o homem como sendo um ser tripartido: espírito, alma e corpo: 1 Ts 5.23: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” 
“Disse, então, Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lc.1:47,47).
 “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb.4:12).

Visto que Deus distinguiu o espírito humano da alma humana, nós concluímos que o homem é composto não de duas, mas de três partes. Esta linguagem das Escrituras não sugere que o homem tivesse semelhança física com Deus.

Deus é triúno e o ser humano é tricotômico. A natureza de Deus é identificada com mais frequência pelos atributos que não possuem nada em comum com a natureza do ser humano. Deus é Espírito (João 4:24).  Deus é Eterno. Deus é Onipotente. Deus é Onipresente. Deus é Onisciente. Ele conhece todas as coisas passadas, presentes e futuras. E esta onisciência divina excede a toda a compreensão humana limitada.

Os anjos são, assim como os homens, criaturas de Deus, porém, diferentes destes. São seres espirituais. Os anjos são seres imateriais, ou seja, ao contrário do homem que é formado de uma parte material (corpo) e de outra parte imaterial (alma e espírito), os anjos são puramente espírito. Possuem pessoalidade, pois são dotados de consciência, sentimento, entendimento e vontade. São seres assexuados.

AS CARACTERÍSTICAS DO CORPO HUMANO
É através do corpo que o homem entra em contato com o mundo material. Podemos dizer que o corpo é a parte que dá ao homem consciência do mundo. Este corpo tem as limitações da materialidade mortal (veio do pó e para lá há de tornar), da visibilidade e tangibilidade, bem como da mortalidade (o salário do pecado é a morte, tanto física como espiritual e eterna). Porém, um dia, isto que é mortal se revestirá da imortalidade e o que é corruptível, se revestirá da incorruptibilidade, em Cristo Jesus.

ALMA, O NOSSO ELO COM O MUNDO EXTERIOR
A alma inclui o intelecto e as emoções, que procedem dos sentidos. A alma é o ponto de encontro do espírito e do corpo. A alma e o espírito continuam a existir depois da morte e são inseparáveis e indestrutíveis. Sabemos que o espírito e o corpo estão fundidos na alma, a qual, por sua vez, forma a nossa personalidade. Por conta disto, às vezes, a Bíblia chama o homem de alma, pois, se esta separa-se do corpo, não há mais vida humana. O homem torna-se consciente de sua existência pela obra da alma. Nela está a sede de sua personalidade e emoções. Porque a essência da personalidade é a alma. A existência, características e vida do homem estão todas na sua alma.

No Antigo Testamento a palavra hebraica para alma é “nefesh”. O Novo Testamento, usa a palavra grega “psiqué”. Ambas tanto para “alma”, quanto para “vida da alma”. Por isso entendemos que a alma não se resume a um dos três elementos do homem, mas também a sua vida.

O ESPÍRITO E O NOSSO CONTATO COM DEUS
O espírito é a parte do ser humano (imaterial) que torna possível a comunicação com Deus e com o mundo espiritual (Lc 1.47). É este espírito que diferencia o homem dos demais seres criados por Deus. O homem é possuidor de raciocínio, consciência de Deus, de si mesmo e do universo, enquanto os animais possuem instintos, no entanto, não têm consciência. 

O espírito é a parte mais nobre do ser humano e ocupa a região mais interior do seu ser. O corpo é o abrigo externo da alma, enquanto que a alma é o revestimento exterior do espírito. O espírito transmite o seu pensamento à alma e a alma exercita o corpo a obedecer a ordem do espírito. Antes da queda, o espírito controlava todo o ser por intermédio da alma. O espírito não pode atuar sobre o corpo, a não ser por meio da mediação da alma. O espírito é a parte mais nobre pois nos une com Deus.

Como o espírito é usado para comunicar com o mundo espiritual e o corpo como mundo natural, assim a alma fica no meio e exercita seu poder para decidir se deve reinar o mundo espiritual ou o natural. A fim do espirito governar, a alma precisa dar seu consentimento. Somente com a alma submissa é que o espírito pode dirigir todo o homem. Deus deseja que o espírito, sendo a parte mais nobre do homem, controle todo o seu ser. No entanto, a vontade –a aparte decisiva da individualidade – pertence à alma.
Pode-se dizer que o espírito possui três funções: consciência (discernimento), intuição (órgão sensitivo do espírito humano) e comunhão (é adoração a Deus).

Examinando as Escrituras, parece-nos que um espírito não regenerado funciona do mesmo modo que a alma: “o que é de espírito precipitado exalta a tolice” Pv 14.29. “O espírito abatido seca os ossos” Pv 17.22. 

CONCLUSÃO
Busquemos a santificação de todo o nosso ser: 1 Ts 5.23: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” 

M.D.


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Autor MOISÉS DUARTE

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1 Comentários:

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