O MUNDO DO APÓSTOLO PAULO

Estaremos estudando acerca de um dos personagens mais brilhantes de toda a narrativa Bíblica, o apóstolo Paulo. Paulo é o único personagem do cristianismo primitivo do qual, a partir de seu próprio testemunho direto, podemos tomar conhecimento histórico e teológico de maneira mais detalhada. Deve-se isso às cartas que enviou às suas comunidades/igrejas. Esse legado, portanto, não foi de forma proposital. Ele escrevia suas cartas por ocasião de problemas concretos e para comunidades determinadas, e, via de regra, como substitutivo para a sua presença em suas comunidades.

Em relação a cronologia de sua vida, como nascimento, formação entre outros fatos, há poucas informações nas Escrituras. O suporte decisivo para a cronologia da vida paulina é, sem dúvida, fornecido por G1 1-2. Mesmo sendo esse texto tão fundamental e valioso para esta questão, ele trata somente do período que vai da vocação até o final da fase antioquena, não fornecendo absolutamente nenhuma notícia sobre o período autônomo da missão paulina. Mesmo assim, deve-se admitir que seja admirável o grau de exatidão com que nos podemos orientar acerca dos dados da vida de Paulo, em comparação a outros personagens da antiguidade. 

Inicialmente, deveremos estudar acerca do mundo de sua época, a fim de notar um pouco acerca do contexto histórico no qual viveu o apóstolo dos gentios. Como foi sua infância, sua formação cultural e religiosa. 

No que se refere ao mundo na época de Paulo, não havia uma única maneira de pensar ou de agir. Os romanos, os gregos e os judeus formavam grupos humanos com imensa variedade interior, em constante interação. Um bom exemplo, muito a propósito, refere-se a um contemporâneo de Paulo: o historiador Flávio Josefo (37-100 d.C.). Ele era judeu, de língua grega e cidadão romano. Era, pois, judeu, grego e romano a um só tempo. Nosso personagem, Paulo de Tarso, da mesma forma, era judeu, mas falava também o grego (e escreveu nessa língua as cartas que dele conhecemos), e o livro bíblico dos Atos dos apóstolos nos garante que possuía cidadania romana.

O império romano constituía-se numa grande área de comércio de mercadorias e pessoas, o que está bem testemunhado pela ampla circulação de objetos recuperados pela Arqueologia. As pessoas podiam viajar, de maneira rápida e segura, por estradas. A navegação permitia que as viagens fossem também frequentes e relativamente seguras, com o transporte a distância de produtos como azeite, trigo, condimentos alimentares, vinho, mármore e muitos outros produtos encontrados pela arqueologia em embarcações soçobradas. Diversas cidades romanas visitadas por Paulo foram escavadas de forma parcial, em particular Filipos da Macedônia, Atenas, Delfos, Éfeso e Roma.

O regime imperial romano era conhecido como principado, com o governo do príncipe, ou imperador, apoiado no exército. O senado romano constituía o grupo da elite imperial que compartilhava do poder, assim como as elites das cidades, que faziam parte da câmara municipal (ordo decurionum, ordem dos decuriões).

Mas comecemos do começo, e ouçamos a descrição que Paulo faz de si mesmo:

"Eu sou judeu, nascido em Tarso, na província romana de Cilicia, cidadão de uma cidade de algum renome. Fui criado e educado na mais estrita fidelidade aos princípios e normas do Judaísmo. Coube-me a venturosa sorte de nascer no seio de uma família a que fora outorgada a cidadania romana, e ufano-me particularmente desse privilégio. Eduquei-me na cidade de Jerusalém aos pés do famoso mestre Gamaliel, na acurada observância da Lei de nossos pais, tal como é interpretada pelos fariseus. Era tão zeloso das tradições do meu povo que em breve progredi muito mais na minha fé religiosa do que a maioria dos meus coetâneos. Poderia até saber-se de ser quase irrepreensível na minha obediência à Lei do Antigo Testamento”.

Nascido em cidade grega, grande metrópole, em capital de província romana: Tarso. Fazia parte de uma comunidade, a judaica, com tradições milenares e compatriotas espalhados por uma imensa área, tanto dentro como fora do mundo romano.

Tarso situa-se no curso inferior do Kidno, que a partir daí é navegável, tendo sido centro comercial na estrada que conduzia de Antioquia até a costa da Ásia Menor, portanto, às cidades gregas, e era, além disso, ponto de partida para o caminho rumo ao Mar Negro, sendo uma típica cidade de trânsito internacional daquela época. A partir de 66 a.C., quando a Cilicia se tornou província romana, Tarso alojava os administradores romanos, entre os quais também esteve Cícero. Nessa cidade, Antônio, pelo visto, encontrou-se pela  primeira vez com Cleópatra. A cidade tem um passado cultural brilhante. Muitos filósofos conhecidos, gramáticos e poetas lá ensinavam. Era uma das maiores cidades do Império Romano.

Bem antes dos dias de Paulo, os filósofos e eruditos de Tarso já ensinavam retórica, matemática, ética, gramática e música. Paulo ainda não brincava nas ruas da cidade, quando grandes poetas, médicos, oradores e filósofos, treinados nas escolas de Tarso, levavam-lhe o nome para outras terras. Era tão grande a reputação da cidade que César Augusto, ele mesmo educado por Atenodoro de Tarso, escolheu Nestor, outro educador da cidade, como mestre de seu filho.

Sua fama não lhe provinha apenas da cultura. Tarso era também um centro financeiro. As rotas comerciais davam-lhe proeminência. Nos dias de Paulo, o rio Cnido era tão largo que navios de grande porte subiam por seu leito, cerca de 19 quilômetros, e descarregavam suas mercadorias nos desembarcadouros da cidade.


O MUNDO DE PAULO

Naqueles dias, toda a vida do mundo concentrava-se no Mediterrâneo. Todas as grandes civilizações desenvolveram-se junto ao mar. Todos os interesses da vida humana achavam-se concentrados numa estreita faixa que se estendia pela costa sul da Europa, pela costa norte da África e pelas costas ocidentais da Síria e Palestina.

Além dessa fronteira, havia regiões inexploradas, onde viviam povos bárbaros, que só entrariam na corrente da civilização anos mais tarde. Três nações da época foram suficientemente grandes e fortes para deixar sua marca sobre as demais: Roma, Grécia e Israel.


ROMA

Os romanos governavam o mundo. Conquistaram esse direito pela força dos seus exércitos. Eles possuíam o dom da colonização e do governo. Devido ao poder de suas legiões estacionadas em todas as colônias, eram os donos do mundo. Embora poderosos, não se aproveitavam dos povos conquistados; pelo contrário, procuravam integrá-los ao seu império, dando-lhes um lugar de honra. O cenário, porém, não era inteiramente luminoso. Com o aumento do poder e da riqueza, Roma tornou-se corrupta e frívola, presa à sensualidade, ao pecado e ao luxo. Em conseqüência, o povo fez-se dolente e fraco. O império de que tanto se orgulhavam desmoronou-se diante dos bárbaros vindos do Norte, que o invadiram e saquearam. A seu favor deve ser dito que construíram o maior império que o mundo já viu.


GRÉCIA

Se os romanos foram os líderes mundiais no tocante à lei e ao governo, os gregos lideraram na cultura e no conhecimento. A arte, a ciência e a literatura desenvolveram-se mais na Grécia que em qualquer outra parte. Embora o império fosse romano, a língua grega foi reconhecida como o idioma empregado pelas pessoas cultas. Os eruditos de todas as nações orientais falavam e escreviam o grego. Essa é a razão de o Antigo Testamento ter sido traduzido para o grego muito antes do nascimento de Cristo, e das cópias mais antigas do Novo Testamento estarem em grego.

Os professores e filósofos gregos eram os intelectuais reconhecidos da época. Eles divulgaram, em todas as nações, a literatura, arquitetura e pensamento científico de seu país. Muitos judeus, nos dias de Paulo, liam as Sagradas Escrituras na tradução grega – a Septuaginta - pois o hebraico estava se tornando rapidamente uma língua morta. Essa era a situação cultural do mundo, quando Jesus e Paulo nasceram.


ISRAEL

A nação, porém, que mais marcou a civilização mundial foi Israel. Sua marca jamais se apagará. Embora os judeus não tivessem poderio militar, destacaram-se por sua religião. Dispersos por todas as terras, construíam sinagogas para adorar a Deus.

Isso se dera devido ao fato de a Assíria, Babilônia e Roma terem invadido a Palestina, e levado daqui milhares de judeus para o cativeiro conforme estudado no trimestre passado. Onde quer que fosse, o povo escolhido levava consigo as Sagradas Escrituras e as profecias de um Messias vindouro. Eram homens orgulhosos e exclusivistas, envolvendo-se em seus mantos de justiça enquanto voltavam as costas ao grande propósito para o qual haviam sido chamados: representar a Deus entre os demais povos.

Embora seja penosamente óbvio o fracasso dos judeus em executar os planos divinos, eles estabeleceram sinagogas desde a longínqua Babilônia até a cidade de Roma. Na história do Pentecostes, os judeus que voltaram a Jerusalém, abrangiam conterrâneos de todas as províncias do império romano:

“Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, Ponto e Ásia. E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes” (At 2.9-11).

Lucas faz um resumo, dizendo que os judeus eram de "todas as nações que estão debaixo do céu" (At 2.5).

Sua presença no Império Romano foi de grande ajuda, servindo de porta para o programa futuro da Igreja. Quando Paulo viajava para um novo local, sempre procurava a sinagoga para pregar, e isso geralmente dava início a uma nova igreja.



Eis aí um vislumbre do mundo em que Paulo nasceu. O cenário era de confusão, conflito, insatisfação e necessidade - necessidade que não podia ser satisfeita pela lei romana, erudição grega ou religião judaica.

Este tempo era caracterizado pelo domínio político de Roma. Paulo nasceu e viveu no período da chamada “pax romana”, que é o auge, o apogeu do Império Romano, o quarto império mostrado no sonho dado a Nabucodonosor e interpretado por Daniel (Dn.2:40). 

“…Os romanos governavam o mundo. Conquistaram este direito pela força dos seus exércitos. Eles possuíam o dom da colonização e do governo. Devido ao poder de suas legiões estacionadas em todas as suas colônias, eram os donos do mundo…” ..” (BALL, Charles Ferguson. A vida e a época do apóstolo Paulo. Trad. de Neyd Siqueira. Rio de Janeiro: CPAD, 1998, p.8).

Este domínio político fez com que, também, houvesse uma intensificação das comunicações e dos transportes, com a disseminação do idioma grego, que já tinha alcançado grande divulgação desde os tempos de Alexandre, o Grande, e que tinha sido a base da chamada “cultura helenística”, que foi uma mescla entre a cultura oriental, forjada no Egito, Babilônia e Pérsia, com a cultura grega que teve grande influência sobre a cultura romana, já que o povo romano era bem mais modesto em termos de intelectualidade que os gregos.

Entretanto, Deus decidiu enviar a este mundo um homem que, pelos seus dons naturais, pôde cativar toda classe de pessoas. Com seus antecedentes e preparo, estava apto a falar com autoridade aos romanos, gregos e hebreus. Deus separou esse homem, mudou todo o curso de sua vida e usou-o para fortalecer a Igreja de maneira milagrosa.

Paulo nasceu em Tarso, cidade que ficava na Cilícia, fazendo parte da comunidade judaica, sendo da tribo de Benjamim (Fp.3:5), o que pode muito bem explicar o seu nome, pois, em hebraico, seu nome é Saul, precisamente o nome do primeiro rei de Israel, que era da tribo de Benjamim (I Sm.9:1,2).

Tarso era uma cidade “grega”, que já tinha influência grega desde os dias de Senaqueribe, que a fundou. Com a derrocada do Império Persa, foi uma das primeiras cidades a sofrer o impacto da cultura grega rumo ao Oriente, sendo, pois, um dos primeiros lugares onde se desenvolveu esta mescla que deu origem à “cultura helenística”, não sendo, pois, por acaso, que Paulo seja natural de lá, pois, judeu como era, pôde desde o berço impregnar-se desta cultura que seria o ambiente em que pregaria o Evangelho da graça de Deus (At.20:24).

Tarso passou a ser uma importante cidade para Roma, de modo que foi dada a todos os moradores dela a cidadania romana, de modo que o apóstolo, que não era de uma família humilde, tudo indica, acabou por gozar também deste privilégio. O apóstolo era cidadão romano e, como tal, encontrava-se numa situação de proteção máxima no mundo de então, onde Roma era a senhora e dominadora plena. Esta noção de cidadania que possuía Paulo seria essencial no desempenho futuro de seu ministério.

Assim, o apóstolo foi criado e formado nas três principais culturas da época: a cultura romana (porque nasceu numa cidade onde todos eram cidadãos romanos e, portanto, teve logo contato com a lei romana), a cultura grega (pois Tarso era um centro filosófico) e a cultura judaica, pois, sendo judeu de nascimento, era de uma família religiosa, tanto que logo o apóstolo vai se afeiçoar à seita dos fariseus e se tornar um fariseu (At.23:6; 26:5; Fp.3:5), devendo sua família, certamente, ter sido uma das “evangelizadas” pelos missionários fariseus que viviam rondando as comunidades judaicas espalhadas pelo mundo (cfr. Mt.23:15), já que o apóstolo diz que era “filho de fariseu” (At.23:6).


Quem era o apóstolo Paulo?

5 circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, verdadeiro hebreu; quanto à lei, fariseu; 6 quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Fp 3

Em sua defesa em Jerusalém, após sua dramática prisão, teve a oportunidade de se dirigir à multidão alvoroçada, dizendo: “Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia...” (At 22.3). Seus pais eram judeus. Ao combater a ideia errada dos falsos mestres judaizantes, que nutriam uma falsa confiança na sua linhagem judaica, Paulo responde: “Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus...” (Fp 3.4,5). Paulo era um judeu verdadeiro.

Paulo foi criado para seguir a lei judaica tão ao pé da letra quanto possível – Fp 3.5,6. O termo “fariseu” pretendia representar piedade genuína e profunda devoção a Deus. Escrevendo aos filipenses, descreveu sua vida pretérita nestes termos: “... quanto à lei, [eu era] fariseu...” (Fp 3.5). Diante do rei Agripa, quando estava sendo acusado, em Cesareia, disse: “... porque vivi fariseu conforme a seita mais severa da nossa religião” (At 26.5). Como fariseu, Paulo era zeloso da lei.

Como fariseu, era extremamente zeloso das tradições de seus pais (Gl 1.14). Como fariseu, frequentava assiduamente a sinagoga. Como fariseu, dava o dízimo criteriosamente e jejuava regularmente. Ele chega a afirmar que, quanto à justiça que há na lei, era irrepreensível (Fp 3.6). Os fariseus eram os separados. Eles compunham o grupo religioso mais ortodoxo de Israel. Os fariseus estavam do lado oposto dos saduceus, grupo religioso que negava a ressurreição e a existência dos anjos.

Alguns fariseus levaram má reputação ao grupo todo, assim como alguns cristãos dão má reputação a todos os demais. Ele aprendeu a recitar as Schmoner-Ezre – as principais orações dos judeus – de manhã, ao meio-dia e à noite. Foi educado para orar antes e depois de cada refeição.

Uma criança inteligente lia as Escrituras por volta dos 5 anos.Aos 6 anos, Paulo iniciou sua educação na escola de um rabino. Logo após o sexto aniversário, Paulo decorou Dt 6.4-9. Ainda mais impressionante, ele também decorou os Sl 113 a 118. 

Paulo foi educado em Jerusalém aos pés de Gamaliel. Perante grande multidão em Jerusalém, Paulo dá seu testemunho: “... criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados, sendo zeloso para com Deus, assim como todos vós o sois no dia de hoje” (At 22.3). Jerusalém era a cidade santa. Lá estavam os escribas e doutores da lei. Lá estavam o templo e os sacrifícios. Lá estavam a lei e as cerimônias. Lá estavam os sacerdotes e os rabinos. Lá estava o sinédrio. Essa cidade transpirava religião. Tudo girava em torno do sagrado. Na cidade de Davi, Paulo foi instruído aos pés de Gamaliel, o maior e o mais ilustre rabino daquela época, homem culto, sábio e piedoso. Ele foi instruído segundo a exatidão da lei dos seus antepassados. Conhecia bem de perto as tradições do seu povo. Sabia de cor as inúmeras regras e preceitos criados pelos anciãos. A tradição oral, fruto da interpretação meticulosa e extravagante dos escribas, era observada cuidadosamente por Saulo.

Ser judeu definia quem você era, como você pensava, o que você sentia. Aos 10 anos já conhecia as complexidades da lei oral. Aos 13 anos, o menino judeu, para todos os efeitos práticos, era considerado um homem. Quando completou 13 anos passou a ser considerado filho da Lei. Começou a usar filactérios, os chamados tefilins, durante as orações matinais nos dias da semana. As tiras de couro davam sete voltas exatas em torno do braço. O outro era posicionado no meio da testa.

Saulo colocaria os filactérios na testa e no braço em silêncio absoluto. Se fosse interrompido enquanto os vestia, teria de reiniciar o ritual, repetindo ações de graças devidas. Um menino judeu de 13 anos não podia nem se levantar da cama pela manhã sem lembrar a quem pertencia. Rituais diários ditavam as primeiras palavras que ele pronunciava pela manhã, e proferia diversas ações de graças no decorrer do dia. Saulo acreditava em sua causa de todo o coração, e ela o levou a percorrer o caminho da destruição. Ele era sincero. 

A letra da Lei sufocava Saulo. Paulo era membro do sinédrio judaico. Paulo era o maior embaixador do sinédrio judaico no sentido de promover a fé de seus pais. Por outro lado, era o braço estendido desse mesmo sinédrio para neutralizar ou desbaratar qualquer nova vertente religiosa que colocasse em risco sua tradição religiosa. O sinédrio era o concílio maior dos judeus, composto de setenta homens maduros, cuja função principal era legislar e julgar a vida religiosa e moral do povo judeu. Governado especialmente pelos sacerdotes, da seita dos saduceus, tinha nos fariseus seus membros mais zelosos da lei (At 23.6). Ser membro do sinédrio era ser considerado um dos principais dos judeus ( Jo 3.1). Esse posto de honra dava-lhe projeção e grande destaque na sociedade. Era um homem respeitado pelo seu conhecimento, pela sua religiosidade e pelo zelo com que se devotava à causa do seu povo.

15 Mas o Senhor disse a Ananias: "Vá! Este homem é meu instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e seus reis, e perante o povo de Israel. 16 Mostrarei a ele o quanto deve sofrer pelo meu nome".At 9

Paulo não se converteu; ele foi convertido. Paulo estava caçando os cristãos para prendê-los, e Cristo estava caçando Paulo para salvá-lo (At 9.1-6). Não era Paulo que estava buscando a Jesus; era Jesus quem estava buscando a Paulo. 

Paulo era um touro bravo que resistiu aos aguilhões. A conversão de Paulo não foi de maneira nenhuma repentina. De acordo com a própria narrativa de Paulo, Jesus lhe disse: “... Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (At 26.14). Jesus comparou Paulo a um touro jovem, forte e obstinado, e ele mesmo, a um fazendeiro que usa aguilhões para domá-lo. Deus já estava trabalhando na vida de Paulo antes de ele se render no caminho de Damasco. Jesus já estava ferroando sua consciência quando ele viu Estêvão sendo apedrejado e com rosto de anjo pedir ao Senhor para perdoar seus algozes. A oração de Estêvão ainda soava na alma de Paulo.

Não é por outro motivo que Paulo se considerava um exemplo da misericórdia divina e uma comprovação de que qualquer um pode ser salvo, se quiser, pois ele, que tanto mal fez à Igreja e, por conseguinte, ao próprio Senhor Jesus (pois não foi o próprio Jesus que disse que era o perseguido por Paulo – At.9:4?), mesmo assim pôde ser alcançado pela salvação (I Tm.1:12-16).


CONCLUSÃO

Se Paulo vivesse em nossos dias, teria passaporte turco, pois Tarso situa-se hoje na Turquia. Será que, como cidadão deste país, ele permitiria que fosse uma das nações menos evangelizadas do mundo? A sua população é de 61 milhões de habitantes (1995), com 99,8% de muçulmanos. Os evangélicos não chegam aos 0,02%. 

Paulo não possuía os recursos de que dispomos na atualidade e fez muito mais do que todos nós juntos. Ele andava, na maioria das vezes, a pé, ou em velhas embarcações marítimas, ocasião em que enfrentou diversos perigos, tanto dos salteadores, nas estradas, como nos mares, por causa das tempestades e dos piratas.

Em todas as viagens que empreendeu, Paulo defrontou-se com muitas perseguições. Uma vez, foi apedrejado até considerarem-no morto. Em Filipos, apesar de ser um cidadão romano, foi despido e apanhou publicamente. No entanto, em vez de reclamar, na prisão daquela localidade, glorificou a DEUS e ganhou o carcereiro para JESUS.

Paulo, por tudo o que sofreu, durante o exercício do seu ministério como apóstolo dos gentios, tornou-se o modelo para todos nós. Basta, agora, descruzarmos os braços, orarmos, buscarmos a direção divina e realizarmos a obra que o Senhor JESUS nos confiou, desde o momento em que o aceitamos como nosso Salvador.

 

Combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.”

2 Timóteo 2.4;   Filipenses 1.21


                                                                                                                    M.D.

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Autor MOISÉS DUARTE

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