LIÇÃO Nº 7 – CULTUANDO A DEUS COM LIBERDADE E REVERÊNCIA

 

Trataremos desta feita, acerca do culto a Deus através da adoração, como a Bíblia nos ensina. Na teologia bíblica não há espaço para a adoração de coisas ou objetos. Há uma palavra no hebraico (
histahawah) que literalmente significa “curvar-se em humilde reverência e prostração”. No Novo Testamento, o grego usa a palavra proskyneo e o sentido é de “prostrar-se diante de alguém maior, ou de render homenagem”.

 

O texto bíblico declara que a igreja de Cristo exerce um sacerdócio santo (1Pe 2.4,5,9,10). Num sentido mais específico, podemos afirmar que tudo o que a igreja faz e realiza na vida diária em obediência às Escrituras se constitui numa forma de adoração (Rm 12.1; Hb 13.15,16).

 

Diferentemente do Antigo testamento, no Novo Testamento, não há um detalhamento acerca da liturgia do culto, com todos os seus cerimoniais e regras. No entanto, observamos uma comunidade cristã no período apostólico, as orientações dadas a esta comunidade acerca do culto, nos dão indicações claras sobre como devemos conduzir o culto:

 

1 Coríntios 14.26-33

26 . Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.

27. E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.

28. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus.

29. E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.

30. Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.

31. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.

32. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.

33. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.

  

O CULTO PENTECOSTAL: LIBERDADE E REVERÊNCIA

 

O ato de adorar a Deus deve ser precedido pela obediência aos Seus mandamentos. Porém, equivocadamente, boa parte dos cristãos entende que reverenciar a Deus refere-se apenas, e meramente à postura física do corpo. Mais do que prostrar-se, ou colocar o rosto em terra, a autêntica adoração tem a ver com a atitude do nosso coração: “...a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” - Sl. 51.17b.

 

A palavra “adorar” vem do latim “adorare”, significando render culto, reverenciar, venerar, amar extremosamente. “A adoração consiste nos atos e atitudes que reverenciam e honram a Majestade do grande Deus do céu e da terra” (Bíblia de estudo pentecostal). Numa linguagem mais simples e objetiva, a adoração pode ser definida como sendo um ato de prestar culto ou de tributar louvores ao Deus Soberano.

 

Um dos primeiros fatos que denunciam a fragilidade da fé da mulher que conversa com Jesus em João capítulo 4 é sua incerteza sobre onde adorar (v.20). A pergunta sobre "onde adorar?", traz consigo implícitas outras questões : "Como adorar?" e "Quem adorar?" Pode-se assim chegar á conclusão que a espiritualidade daquela mulher era algo que refletia muito mais a reprodução de comportamento cultural do que uma ação consciente, racional. Somente é possível prestar o verdadeiro louvor a Deus se pelo menos, soubermos quem Ele é. Logo, a adoração não pode resumir-se a um simples êxtase ou um impulso irracional em busca de algo desconhecido.

 

Jesus veio trazer uma nova dimensão na adoração a Deus. Ela não se restringiria mais a um lugar específico e predeterminado. Respondendo à mulher samaritana, que O indagava quanto ao lugar da adoração, Jesus foi claro na Sua resposta: “mas a hora vem, e agora é em que os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade...” - Jo.4.23. Adorar a Deus em espírito e em verdade é louvá-Lo com raciocínio, ou seja, saber por que está adorando - Is. 43.21, e a quem está adorando - Lc. 16.13, isto de maneira voluntária - Sl. 119.108.

 

No antigo testamento, havia um ministério regular de louvor, abrangendo cantores e músicos coletivamente - 1Cr. 25.1-7, que era exercido por uma parte dos levitas, que também ajudavam os sacerdotes nos serviços do Tabernáculo - Nm. 3.5-12 e, depois, do Templo - 2 Cr. 8.14. A maior parte do povo era composta de espectadores passivos, enquanto os sacerdotes e levitas representavam a nação de Israel diante de Deus nos cultos e nos rituais destes. Existia, porém, um papel que todo adorador do Antigo Testamento podia executar. Tratava-se, portanto, da adoração na forma de cânticos.

 

No Antigo Testamento, a adoração era muito mais exterior do que interior. Prevalecia mais o simples ritualismo cerimonial. Já no Novo Testamento, a adoração é essencialmente movida pelo Espírito Santo. É o Espírito Santo quem dirige a nossa adoração a Deus - Gl. 4.6. No antigo testamento a presença do Espírito Santo era algo incomum entre o povo. Ele apoderava-se de alguém somente em determinados momentos, principalmente em momentos difíceis, o povo, porém, não O sentia. Já no Novo Testamento, o Espírito Santo enche não apenas uma determinada pessoa, mas, a todos: “E todos foram cheios do Espírito Santo...” - At. 2.4. No Antigo Testamento o Espírito atuava entre o povo do Senhor, mas no Novo Testamento, com o advento de Cristo e por Sua mediação, o Espírito Santo habita no crente.

 

Jesus não mediu palavras e disse à mulher que o tempo para a vivência de uma verdadeira adoração já havia chegado (v.21). O erro daquela mulher, que é o mesmo de muitas pessoas ainda hoje, foi imaginar que o louvor ao Pai era algo apenas para um momento específico ou para um tempo futuro. Infelizmente em muitas igrejas o tempo da adoração tem sido consumido por infindáveis, e muitas vezes dispensáveis, avisos; já em outras comunidades é a má gerência do tempo de acontecimento do culto que atrapalham a adoração fluir de maneira ordeira. Cada instante de nossas vidas, especialmente aqueles que dedicamos a Deus na igreja, precisam ser bem aproveitados.

 

Devemos lembrar que o culto não é espetáculo nem um show, onde os participantes estão mais interessados em euforia, gritaria, diversão e auto satisfação. Todo elemento que intervém nesta relação, desviando a atenção para si, não atende à finalidade do culto, que é elevar o homem a Deus (Sl 73 25-28; 1Co 10.31). Nem por isso o culto deve ser algo monótono, fúnebre. O culto deve ser um momento de alegria e gratidão, dinâmico.

 

A Bíblia nos ensina que o verdadeiro culto ao Senhor deve ser verdadeiro (Is 29.13; 1Sm 15.22; Is 1.10-17; Dt 10.12; Ez 33.31; Jo 4.23). É preciso ter reverência nos cultos ao Senhor (Êx 19.16-25; 20.18-19; Ec 5.1; Hb 10.19-22; 1Co 14.40 Hb 12.28). A Reverencia no culto deve ser exteriorizada pelo nosso comportamento no Culto evitando-se: (Conversas paralelas, movimentos desnecessários de pessoas, celular, uso desnecessário do banheiro, negociações, etc.): Ec 5.1.

 

Contudo, a reverência, não significa porém, a privação da liberdade. No NT há espontaneidade para orar e interceder: “Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas” (1Tm 2.8). No culto, não há padrões rígidos e fixos pré-estabelecidos, tal como no Antigo Testamento, mas temos a liberdade: II COR 3.17; (Contudo essa liberdade na adoração não significa desordem, excessos, falta de lucidez ou atitudes irracionais): RM 12.1; Na igreja primitiva a espontaneidade chegou a tal ponto que houve necessidade de estabelecer ordem e limites (1Co 12.3;14). Tudo deve ser feito com ORDEM e DESCÊNCIA.

 

Formalismo é uma observância estrita a regras e formas, e isso em algumas igrejas vem se tornando um problema no momento do culto. Em alguns lugares, o culto é tão mecânico que sua previsibilidade engessa a adoração. Em outros casos, uma pessoa pode até não andar realmente de acordo com os padrões de Deus, mas se ela seguir o formalismo do culto, pode até ministrar a adoração. Isso é errado! Pois, os adoradores verdadeiros, mais do que seguir regras, seguem uma vida de obediência a Deus. 

 

O CENTRO DO CULTO PENTECOSTAL 

Na Bíblia há várias etapas de desenvolvimento na adoração a Deus. Primeiro os patriarcas adoravam construindo altares e oferecendo sacrifícios; em seguida veio a adoração no Tabernáculo e no Templo envolvendo um sistema completo de sacrifícios; depois, a adoração nas sinagogas, que começou durante o cativeiro; e a adoração cristã, da qual fazem parte: oração, louvor, ofertas, leitura da palavra e pregação. 

O culto deve ser teocêntrico (Centrado em Deus). “... preste culto somente a Ele” (Mt 4.10; Dt 6.13; Êx 20.4; Lv 26.1; Sl 97.7; Lc 4.8). “Não adore essas coisas, nem preste culto a elas, porque eu, o Senhor, ... sou Deus zeloso...” (Dt 5.9 – NAA; Sl 78.58; 1Co 10.20-22). “...Assim diz o Senhor: Israel é meu filho... deixe meu filho ir para que me adore...” (Êx 3.12). Observemos que a adoração precede ao culto: “Adore ... e preste culto somente a Ele” (Mt 4.10); “Temam ... e sirvam a Ele...” (Dt 6.13). 

Um Culto Vibrante não está restrito a movimentos, ou barulhos, mas, a presença real do Espírito Santo operante, que é sentida e percebida, no qual o crente é impulsionado a ser um participante do culto com atos de adoração, e não apenas um mero expectador como geralmente acontecia na Antiga Aliança. É um culto onde há a manifestação do sobrenatural de Deus. 

Em alguns lugares há tanto louvor que não é possível ter pregação da Palavra; já em algumas comunidades o momento da oferta tornou-se o centro do culto, ocupando a maior parte do tempo. Como faz falta uma boa e genuína liturgia nestes lugares. 

Segundo os falsos mestres que Pedro denuncia em sua segunda epístola, a vida do cristão não precisa ter grandes mudanças. Basta que ele permaneça como está, pois isso é ser livre. Seguindo a argumentação falaciosa do princípio de que é “Proibido proibir!”, aquilo que deveria ser adoração torna-se profanação, e o que deveria ser louvor constitui-se escândalo. A promiscuidade é transvestida de liberdade, e assim permite-se tudo para manter um grupo frequentando a igreja (Gl 5.13). O Evangelho é emudecido e só há espaço para discursos de auto justificação, dos pecados e da falta de transformação genuína pelo Evangelho.

 

Na atualidade, boa parte dos modismos são reproduzidos por meio dos mecanismos de comunicação em massa, especialmente pela internet e por seus sites ou aplicativos de compartilhamento de informações. A força dos modismos está na falsa sensação de ineditismo que eles causam. Numa sociedade das coisas supérfluas, as pessoas não gostam de repetir experiências, por isso, até em sua vida espiritual procuram vivências novas, diferentes. Partindo deste princípio é que o modismo atinge outro ponto central para sua reprodutibilidade: o culto a sí mesmo. Quem faz algo novo torna-se o centro das atenções, e infelizmente muitas pessoas não estão em busca de uma adoração verdadeira, mas de tornarem-se celebridades. É o culto Egocêntrico, centrado no Eu.

 

Os efeitos destes modismos são terríveis para o desenvolvimento de uma igreja: as pessoas não amadurecem espiritualmente (Hb 5.12), há um excesso de meninices (1 Co 14.20), são facilmente enganadas por falsos obreiros (2 Tm 3.13). É celebrado o culto, mas Cristo não é adorado (Mt 7.20-23). O que se faz pode-se chamar de adoração extravagante – onde pessoas gritam, choram jogam-se ao chão – todavia não são momentos de adoração, pois o simples nome não define uma verdadeira adoração.

 

O genuíno culto pentecostal É aquele em que a operação e manifestação do Espírito Santo acontece com ordem, decência, sabedoria e racionalidade: ICo 14.32. No verdadeiro culto pentecostal, podemos destacar alguns elementos que dele fazem parte:

 

A ORAÇAO: É um princípio da Adoração e comunhão constante com Deus: II Cr 6.12-42. Oração é uma prece dirigida pelo homem ao seu Criador, com o objetivo de adorá-Lo e lhe pedir perdão pelas faltas cometidas, agradecer-Lhe pelos favores recebidos, buscar proteção e, acima de tudo, uma comunhão mais íntima com Ele (1Cr 16.11; Sl 105.4; Is 55.6; Am 5.4,6; Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24; Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17);

 

O LOUVOR: São expressões, verbalização e exteriorização do que pensamos e sentimos acerca de Deus, o que pode ser feito por meio de um cântico, poemas ou oração: Lc 2.29-32/I Cr 29.10-13. Um dos principais elementos do culto é o louvor a Deus. Louvar a Deus significa servi-lo em espírito e em verdade. A música esteve presente no culto de Israel e da Igreja primitiva (Nm 10.1-10; Jz 7.22; Jó 38.7; Ef. 5.19; 1Tm 3.16; At 16.25);   

A LEITURA E EXPOSIÇÃO DA PALAVRA DE DEUS: A leitura da Bíblia é indispensável em um culto cristão e deve ser um momento de profunda reverência, onde os verdadeiros adoradores deverão acompanhar a leitura do texto. Encontramos diversos exemplos da leitura das Sagradas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo testamento (Nm 24.7; Dt 31.26; Js 8.34,35; 2Cr 34.14-21; Ne 8.8; 9.3; Lc 4.14-21; At 17.11). Na Adoração por meio da Ministração da Palavra, Deus opera na vida das pessoas, levando-as á Salvação e ao Verdadeiro Avivamento: Dt 31.9-13/II Cr 34.30/Ne 8.8/Lc 4.17-21; No entanto, infelizmente, cada vez mais a ministração da Palavra vem tendo menos espaço nos cultos. A pregação é a parte central do culto cristão e sem ela o culto fica sem brilho e objetivo, pois é através dela que a fé é gerada (Rm 10:14-17; Gl 3:2); é a vontade de Deus, que todos se arrependam e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (Ez 18:23; At 17:30; 1Tm 2:4);

 

DONS ESPIRITUAIS. Não se pode pensar em Culto Pentecostal sem a manifestação dos dons espiritais e sobrenaturais do Espírito Santo entre os adoradores (1Co 14.26). Além da adoração “Salmos”, e do ensino “doutrina”, no culto pentecostal a manifestação dos dons é comum. Paulo faz menção a diversos dons, tais como: revelação, língua, interpretação, profecia e outros (1Co 14.26-40).

 

AS OFERTAS: Sempre fizeram parte do Culto desde o antigo testamento: Lv 2 ao 7/Ex 35.4,5/I Co 16.1,2/II Co 9.7. O Objetivo delas é dar condições de se levar adiante a obra de Deus enquanto a igreja estiver aqui na Terra, e não enriquecer pessoas e instituições.  As ofertas representam a expressão de gratidão do cultuador (Êx 35.29; 36.3; Lv 7.16; 22.18), bem como os dízimos (Ml 3.10). Devemos dar a Deus parte daquilo que dEle recebemos (Êx 23.15; 2Co 9.7).

 

O APELO: Convite ao não crente para Aceitar Jesus: Mt 11.28;

 

A BENÇÃO: Sacerdotal no AT e Apostólica no NT: Nm 6.23-27/I Rs 8.54-57/II Co 13.13.

 

COMO SE EXPRESSA A LITURGIA DE NOSSAS IGREJAS?

 

O que é liturgia? O termo “liturgia” é derivado de um vocábulo do mundo político da Grécia Antiga, que foi incorporado ao contexto religioso. Definia-se como leiturgía o trabalho que um cidadão exercia em benefício da coletividade. Tal atribuição não era percebida como um encargo, mas com uma honra. Ações como serviço militar, responsabilidade em cargos políticos, construção de bens públicos, todos eram concebidos como leiturgía. Quando introduzida no campo religioso a palavra passou a designar a organização dos elementos cúlticos com a finalidade de prestar adoração e louvor a Deus de forma coletiva e saudável. Em o Novo Testamento textos como 2 Coríntios 9.12Filipenses 2.17 e Hebreus 8.6, utilizam o termo que é traduzido, respectivamente, como administração, serviço, ministério. Pode-se assim notar que a liturgia não tem um fim em si mesma, mas tem como objetivo contribuir para que cada elemento do culto cumpra seu papel principal, que é colaborar na adoração.

 

Sem um ordenamento mínimo qualquer organização humana torna-se caótica, até mesmo a adoração a Deus. Deste modo, por melhores que sejamos ou mais espirituais que nos achemos, todos necessitamos de limites e sinais que nos apontem até onde podemos ir.

 

Quais os fundamentos de uma liturgia. O primeiro fundamento da liturgia é o louvor a Deus. Tudo o que acontece no culto deve exaltar e bendizer ao Pai, logo, se algo é realizado sem tal finalidade deve ser suprimido da devoção coletiva. A segunda razão de ser da liturgia é a coletividade, isto é, tudo que envolve o processo de organização do culto deve visar o bem comum, jamais o interesse individual. Por isso, gostos e preferências particulares precisam ser deixados de lado. O culto é organizado para glória de Deus e alegria de todos os adoradores (Sl 32.1168.3). O terceiro elemento da liturgia é a organização; a aplicação da liturgia deve permitir que participação no culto seja inteligível a todos. Não há nada indiscernível ou misterioso no culto; tudo o que acontece deve promover uma adoração racional.

 

Durante a jornada do desenvolvimento do plano divino sobre a terra, o Senhor vem se utilizando de diversas estratégias para auxiliar o seu povo no louvor: instruiu quanto  a construção do Tabernáculo e do Templo. Pediu sacrifícios de animais e agora pede sacrifícios de louvor (Hb 13.15). Se com Israel e a Igreja Primitiva as formas de cultuar a Deus mudaram é natural que em nossas Igrejas algo também se altere, sem contudo, se perder a essência.

 

O culto da igreja primitiva inspirou-se na liturgia das sinagogas. Nos cultos eram lidas passagens do Pentateuco e dos Profetas, seguindo-se uma exposição do texto. Também eram cantados salmos, especialmente o “Hallel” (Sl 113-118). O culto cristão foi extremamente simples (não simplório), constando de orações, cânticos, leituras do AT e dos livros dos apóstolos. Eram feitas exortações pelo dirigente, ensinamentos das verdades bíblicas, coletas (ofertório) e celebração da Ceia do Senhor (COUTO, 2016). Até o século III, o culto transcorria com a seguinte ordem litúrgica: a) Leitura da Palavra; b) Cântico de hinos; c) Oração em pé com a participação coletiva; d) celebração da Ceia do Senhor; e, e) Coleta para ajudar viúvas, enfermos, encarcerados (RODRIGUEZ, 1999).

 

Infelizmente têm surgido muitas formas estranhas e até exageros nos cultos e liturgias em muitas igrejas em nossos dias:

a) regressão espiritual. Uma espécie de “segunda conversão”, algo que a Bíblia condena veementemente (Nm 23.23; Jo 8.32; Gl 3.13; 2Co 5.17);

b) dança no espírito. Davi dançou patrioticamente, mas, nunca no Templo, pois o templo é o local de adoração e reverência (2Sm 6.14-16; 1Cr 15.29); no NT não há menção a este comportamento entre os elementos do culto e a manifestação do Espírito;

c) entrevista espiritual. Caracterizada por ênfase desordenada na atuação de satanás no mundo e na igreja, com conversações e entrevistas com demônios;

d) maldição hereditária. Consiste em pactos ascendentes da família feitos com demônios que trazem maldição. A Bíblia é clara ao mostrar que tal doutrina é herética (Jr 31.29,30; Ez 18.2-4,20; Rm 8.1);

e) riso no espírito. Propagado no Brasil, principalmente pelos grupos neopentecostais, onde as pessoas caem rindo no chão, histéricas e dando gargalhadas sem nenhum controle de suas ações; e,

f) outras inovações. Introdução de elementos judaicos (judaização) no culto cristão etc.

 

Diante do crescimento de outros movimentos denominados pentecostais e neopentecostais, bem como a comunicação global pela internet, a igreja tem vivenciado uma influência de modismos, substituindo, em alguns lugares, os elementos bíblicos que marcam o seu culto e liturgia.

 

CONCLUSÃO

 A importância da liturgia para o desenvolvimento da adoração a Deus é algo que devemos sempre reconhecer. Todos somos capazes de perceber quando a programação de um culto está mal elaborada ou simplesmente foge à realidade; quando isto acontece, essa irresponsabilidade afeta coletivamente o louvor que se pretende apresentar ao Senhor. Busquemos a Deus com fervor, mas sempre numa harmônica organização.

Assim como a mulher em Samaria teve sua história transformada, que nosso encontro com Jesus transforme tudo em nós: que nosso testemunho seja para edificação daqueles que estão à nossa volta, que sejamos libertos de todos os nossos pecados. Mas, acima de tudo, que sejamos partícipes da comunidade dos verdadeiros adorares do Pai com reverência e também com liberdade.

  

                                                                                                       M.D.

 

LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens. 4º Trimestre de 2016, CPAD.

LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 4º Trimestre de 2003, CPAD.

VERDADEIROS ADORADORES. Moisés Duarte. 2019.

COMENTÁRIO DAS LIÇÕES. Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco. IEADP.

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Autor MOISÉS DUARTE

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