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A "renovação espiritual" ou o "avivamento" não é o resultado de "movimentos momentâneos", mas, como ensina R.N. Champlin, "…as experiências emocionais podem ser o estopim de renovações imediatas, mas provisórias. O crescimento espiritual, porém, garante a continuidade da renovação mental, moral e espiritual do crente." (Renovação. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.5, p.660). Ao falarmos em viver este fervor espiritual, devemos admitir que a operação do Espírito Santo em nossas vida deva ser contínua e constante.
A palavra “fervor” tem como significado: “ação de ferver, condição do que foi submetido à fervura; ebulição”. De maneira figurativa significa: “empenho com que se busca satisfazer ou realizar algum desejo; zelo; grande dedicação; amar com fervor; grande desejo; piedade; ardor; ímpeto; pelejar com fervor; diligência”.
A palavra usada por pelo Apóstolo Paulo na carta aos Romanos 12.11 exorta-nos a “sede fervorosos no Espírito” ou sermos “incandescentes”. A Enciclopédia de Champlin diz que ser fervoroso é “ser intenso, zeloso e resoluto no propósito tomado. Uma pessoa fervorosa caracteriza-se por sentimentos e convicções profundas. Essa qualidade de espírito faz contraste com a atitude de superficialidade, fingimento e vacilação, tão comum em nossos dias”.
O fervor espiritual é de suma importância ao cristão, fugir disso é cair num atrofiamento e decadência espiritual sem precedentes. O apóstolo Paulo exorta-nos a buscar sempre uma renovação a fim de que nossa vida espiritual não caia no esfriamento (Rm 12.2; 2Co 4.16; Ef 4.23).
A IMPORTÂNCIA DA DEVOÇÃO PELA PALAVRA E ORAÇÃO
Nos diz a Bíblia, que a fé salvadora, vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Rm.10:17). Se assim é, jamais o homem poderá se sustentar nesta sua vida eterna se o Espírito não lhe continuar provendo sustento com esta Palavra. Assim como Deus proveu alimento diário ao Seu povo no deserto, através do Seu Espírito, Ele quer alimentar diariamente o crente através da Palavra. Este é um trabalho do Espírito Santo, condizir-nos em toda a verdade, não falando de Si mesmo, mas dizendo tudo o que tiver ouvido, glorificando a Jesus, recebendo do que é de Jesus e o anunciando à Igreja (Jo 16:13,14).
A Palavra de Deus mantém o crente bem alimentado, mantém a fé operante, mas, também, mantém o crente em santidade. É a Palavra de Deus que santifica (Jo 17:17) e, sem a santificação, ninguém verá o Senhor diz as Escrituras (Hb.12:14).
A manutenção do fervor espiritual, portanto, se dá mediante a Palavra de Deus. Avivamento sem base na Palavra, não passa de mero movimento, que muito rápido se extingue. Quando olhamos para os grandes avivamentos do Antigo Testamento, todos eles, iniciaram pela Palavra de Deus. Avivamentos baseados em "revelações", "visões", que desprezam as Escrituras ou que buscam até novas Escrituras devem ser imediatamente combatidos, pois não passam de fraudes, falsas manifestações espirituais!
GRANDES AVIVAMENTOS NA BÍBLIA. Na Bíblia, foram registrados grandes avivamentos em que um grande número de pessoas voltou-se para Deus e para a Sua Palavra. Os avivamentos foram liderados por alguém que reconheceu a crise espiritual do povo, e tornou a vontade de Deus conhecida às pessoas. Vejamos:
Líder Referência Como as pessoas responderam
Moisés Êxodo 32,33 Aceitou as leis de Deus e construíram
o Tabernáculo.
Samuel 1 Samuel 7.2-13 Prometeram colocar Deus em primeiro
lugar em sua vida e destruíram os ídolos
Davi 2 Samuel 6 Levaram a Arca da Aliança para
Jerusalém e louvaram a Deus com
cânticos e instrumentos musicais
Josafá 2 Crônicas 20 Decidiram confiar somente na ajuda de
Deus, e o desânimo deram lugar à alegria
Ezequias 2 Crônicas 29-31 Purificaram o Templo, livraram-se dos
ídolos e levaram os dízimos à Casa de
Deus
Josias 2 Crônicas 34,35 Fizeram um compromisso de obedecer às
ordens de Deus e remover as influências
pecaminosas de sua vida.
Esdras Esdras 9,10; Ageu 1 Pararam de associar-se com aqueles que
os faziam transigir em sua fé, renovaram
seu compromisso com os mandamentos
de Deus e começaram a reconstruir o
Templo.
Neemias Neemias 8-10 Jejuaram, confessaram seus pecados,
leram a Palavra (e Esdras) de Deus
publicamente e prometeram por escrito
(2 Cr. 9,38) servir novamente a Deus, de
todo o coração.
Mas, além da alimentação pela Palavra de Deus, o Espírito Santo mantém o fervor espiritual do crente através da oração. A oração é a forma pela qual nos comunicamos com Deus e, se temos comunhão com Ele, quereremos, sempre, orar. Quando alguém fraqueja na fé, a primeira atitude é deixar de orar. Quem tem uma vida de oração, tem um relacionamento de intimidade com o Senhor. É na oração contínua, na oração do dia-a-dia, na oração constante, que o crente vai se tornando mais íntimo de seu Senhor. Billy Graham aconselhou: “ore até que você e Deus sejam amigos íntimos”. Não há nada mais verdadeiro que essa afirmação de Graham quanto à prática da oração.
O cristão deve entender que a oração, assim como a leitura da Palavra, é algo imprescindível ao seu desenvolvimento espiritual e ao verdadeiro avivamento. É certo que, nenhum avivamento dura pra sempre. Vemos muito bem isto, tanto na história de Israel, quanto da Igreja. No entanto, nossa busca por comunhão com Deus, deve arder continuamente, tal qual o fogo do altar – “O fogo que está sobre o altar arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele ... O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará.” Lv 6. 12,13.
A IMPORTÂNCIA EM MANTER-SE “CHEIO DO ESPÍRITO”
A vida espiritual do crente é uma eterna vivência de comunhão com Deus (2Co 4.16). Esta operação de renovação espiritual é um trabalho realizado pelo Espírito Santo, não é algo que venha do homem, mas resulta da transformação operada pelo Espírito. É por isso que Paulo dizia aos coríntios que, embora estivesse exteriormente se desgastando cada vez mais, seu amor, por eles, aumentava a cada dia (2Co 12.15). Isto se dava porque seu homem interior se renovava a cada dia, independentemente do passar do tempo cronológico.
Quando escolhemos servir a Deus, viveremos, inevitavelmente, uma atuação do Espírito de Deus em nossa vida, de forma a nos fortalecer espiritualmente. Submeter-se a Deus nada mais é do que dar liberdade ao Espírito Santo para que atue em nós. Jesus nos ensinou isto ao dizer que Seu papel é bater à porta do nosso coração e, se houver a disposição nossa de lhe dar a entrada, então ele dominará a casa, ceará conosco (Ap 3.20).
Quando damos liberdade ao Espírito Santo, Ele atua em nosso favor e nos proporciona cada vez mais, uma maior intimidade com o Senhor. Daí, contemplamos uma maior eficácia e eficiência do Evangelho de Cristo Jesus entre aqueles que concedem maior liberdade ao Espírito, o chamado movimento evangélico pentecostal. Dar liberdade ao Espírito Santo é submeter-se à vontade do Espírito de Deus.
“Quão diferente é um movimento do Espírito, cuja tarefa é trazer glória a Jesus (Jo 16. 13,14), de movimentos fraudulentos, guiados por homens amantes de si mesmos, cujo resultado é a exaltação de homens e de suas doutrinas. Eis um importante critério para o discernimento de movimentos supostamente de avivamentos ou de renovações espirituais que estão a surgir nos nossos dias: quem é exaltado? Jesus ou o suposto iluminado?” - Ev. Caramuru Afonso Francisco.
VIGILANTES CONTRA A FRIEZA ESPIRITUAL
Alguns pontos acerca daquilo que pode nos levar à frieza espiritual, são:
O pecado. O Espírito de Deus é Santo e, não opera em meio ao pecado. Antes, deve haver arrependimento sincero, quebrantamento espiritual. Quando o crente abandona sua vida de santidade e permite que o pecado reine em seu coração, o fervor começa a diminuir. Por se multiplicar a iniqüidade, conseqüentemente, o amor de muitos se têm esfriado conforme previu nosso Mestre.
A falta de dedicação / fervor. No AT o sacerdote tinha tarefas diárias, tais como: sacrificar, acender as lâmpadas do candelabro e ofertar incenso, diariamente. Como sacerdotes de Deus (1Pd 2.9; Ap 1.6), diariamente devemos, apresentar a nossa vida em total consagração a Deus (Rm 12.1), se enchendo do Espírito (Ef 5.18), e ainda conservando uma vida de oração (Ef 6.18; 1Ts 5.17) e leitura da Bíblia (Sl 1.1-3). Conforme já visto, é de grande importância a meditação na Palavra, bem como, de uma vida de oração, como prerrogativas para uma vida avivada.
A negligência com o Espírito Santo. Paulo exortou a igreja de Éfeso a que não entristecesse o Espírito Santo (Ef 4. 30). E aos crentes de Tessalônica Paulo diz também: “Não extingais o Espírito” (1Ts 5.19). O verbo “extinguir” no original grego “sbennumi” significa: “apagar, extinguir” e figuradamente “suprimir”. Esse verbo era usado para dar a ideia de “apagar fogo” (CHAMPLIN, 2002). Se não tivermos o devido cuidado, infelizmente, poderemos apagar o Espírito em nossa vida, como o fizeram alguns homens ao longo da história.
A resistência contra o Espírito Santo é uma atitude de recusa à direção do Espírito na vida da pessoa. Alguém ouve a voz do Espírito, mas não aceita seguir a Sua orientação, a Sua direção. A Bíblia chama esta atitude de "endurecimento do coração" ou "endurecimento de cerviz". Assim, o homem mostra ao Espírito Santo que não aceita ser governado, dirigido pelo Espírito do Senhor, que não aceita o senhorio de Deus na sua vida.
CONCLUSÃO
Precisamos viver em novidade de vida (Rm 6. 4), em fervor espiritual e ter uma vida de intimidade com o Espírito Santo, que é o nosso Consolador, Aquele que está ao nosso lado durante todo o tempo conforme prometeu nosso Mestre. Para isso, é imprescindível que sigamos o que diz o sábio Salomão: “Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça” (Ec 9. 8). Amém!
M.D.
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