LIÇÃO Nº 03 – A CONVERSÃO DE SAULO DE TARSO


Na lição desta semana, falaremos sobre a maravilhosa graça de Deus na vida de Saulo, o perseguidor, e, ao mesmo tempo, sua resposta em arrependimento e fé ao Senhor Jesus. O nosso objetivo nesta lição é asseverar que o nosso Senhor nos salva pela graça mediante a fé, mas, ao mesmo tempo, devemos responder a esse chamado com arrependimento e fé. Assim ocorre a verdadeira conversão, o novo nascimento.

 

A conversão de Paulo é um momento importantíssimo da história da Igreja. A conversão de Paulo é a demonstração de que Jesus salva até o pior dos pecadores (I Tm.1:15,16). A Bíblia menciona Saulo pela primeira vez em Atos 7.58. “As testemunhas deixaram seus mantos aos pés de um jovem chamado Saulo”. O zelo de Saulo o levou a empreender uma acirrada e implacável perseguição aos cristãos, os da “seita dos nazarenos” como visto na lição passada.

 

Saulo estava lá, consentindo na morte de Estêvão. O termo grego original para “consentindo” é suneudokeo. Sabe o que significa? Significa “ter prazer com outros”. Ele sentiu prazer nas ações do povo, que por sua vez, sentiram prazer no consentimento de Saulo. Ele se regozijou durante toda a cena. Não apenas aprovou ao ver Estêvão dar o último suspiro, ele alegrou-se a cada pedrada dada, como quem acompanha os pontos marcados em um placar.

 

Antes de expirar em seu martírio o crente Estêvão, planta a semente do Evangelho no coração de um jovem fariseu. Enquanto padece sendo apedrejado, Estêvão brada aos céus: “Senhor, não os consideres culpados deste pecado” At 7.6. Vimos o implacável Saulo como um verdadeiro touro bravo a perseguir os crentes em Jesus. Este acontecimento já era o Senhor pondo em atividade os seus agrilhões contra esse touro bravo. Perdoar dá um testemunho poderoso de Cristo. No sentido humano, essa única frase pode ter produzido pode ter produzido mais fruto que qualquer outra desde aquele dia até os nossos dias.

 

Saulo se via convicto em suas crenças e foi fortemente tocado por ver que os nazarenos preferiam morrer a negar a sua fé. Pessoas somente morrem por aquilo em que realmente acreditar ser verdade inabalável. Embora alguns neófitos abandonassem a sua fé em Jesus de Nazaré, muitos se entregavam à morte em vez de negarem sua fé. Isso vai aos poucos  comovendo a Saulo. As palavras de Estêvão haveriam de causar impacto permanente em Saulo.

 

De repente, enquanto o perseguidor empreendia sua aparentemente exitosa campanha de grande perseguição contra os cristãos uma luz ofuscante se abate sobre um assassino perseguidor. Saulo estava no meio de uma viagem à Damasco quando o Senhor interveio e o derrubou por terra. Jesus, então, dirigiu-se à Saulo dizendo: “Por que você me persegue?” At 9.4. o encontro o deixa cego. Nenhum outro exemplo ilustra melhor o fato de que uma pessoa pode ser sincera em suas crenças e, no entanto, estar sinceramente equivocada. Saulo sabia tudo, conhecia muito bem a Lei Mosaica e, ao mesmo tempo, não sabia nada. Saulo acreditava em sua causa de todo o coração, e ela o levou a percorrer o caminho da destruição. Ele era sincero.

 

Naquele magnífico encontro, Jesus não somente libertou Saulo de satanás, como o libertou de si mesmo, de seu zelo mal orientado, de sua obsessão. Ele “estava convencido de que deveria fazer todo o possível” para se opor ao nome de Jesus, o Nazareno – At 26.9. O “zelo religioso” sem Cristo Jesus nada mais é que “ódio”, que, aliás, era um dos significados da palavra grega “zêlos” (ζηλος), que deu origem à palavra em língua portuguesa.

 

Ao estudarmos a vida de Saulo, como então, duvidar de que Cristo pode salvar o mais vil pecador? Existe porventura, alguém tão perverso que não possa ser perdoado? Homicida demais? A graça divina não impõe nunca um limite à alma contrita. O braço de Deus nunca está encolhido a que não possa salvar (Is 59.1). Ele alcança o lamaçal mais profundo, mesmo ao longo da estrada empoeirada para Damasco.

 

 

O nosso Deus já havia escolhido Paulo desde o ventre de sua mãe (Gl.1:15) e é no caminho para Damasco que Jesus Se lhe revela e ocorre a extraordinária conversão (At.9:1-18). Percebemos, assim, que Deus permitiu que Paulo fosse formado nas letras judaicas, gregas e romanas, para que fosse um eficaz vaso na propagação do Evangelho entre os gentios. Tudo não passara de uma preparação para o ministério que Paulo iria desenvolver a partir de sua conversão. Tudo quanto aprendera seria utilizado no ministério. Eis uma demonstração de que o conhecimento secular não é obstáculo, mas um auxiliar poderoso no ministério de cada cristão. Se o estudo secular fosse um mal, um entrave na obra do Senhor, por que Deus teria preparado durante décadas o apóstolo Paulo?  Por que Deus permitiria Moisés ser instruído em toda a ciência do Egito? Há uma frase muito utilizada no meio evangélico de que “Deus não chama os capacitado, Ele capacita aqueles a quem chama”. Será mesmo verdadeira tal afirmação? Todo o conhecimento adquirido por Saulo na sua infância e juventude lhe foram úteis no ministério de Apóstolo. Não duvidando que Deus capacita aos chamados por Ele, mas, que Ele chama sim aos que são desde já capacitados.

 

O ENCONTRO COM CRISTO

 

A conversão de Saulo é tão importante que ela é relatada em três oportunidades no livro de Atos dos Apóstolos: Lucas a narra na sequência histórica do seu livro em At.9:1-18. Depois, Paulo a menciona em seu discurso de defesa perante a multidão que havia tentado matá-lo no templo em Jerusalém (At.22:1-16). Por fim, Paulo torna a lembrar do episódio em seu discurso perante o rei Agripa (At.26:12-19).

 

Paulo viajava pela estrada de Damasco, empenhado em varrer desta cidade os cristãos, quando "uma luz vinda do céu e mais brilhante que o sol" resplandeceu sobre ele, e a voz do Cristo ressuscitado o questionou: "Por que me persegues?"

 

O encontro pessoal com Jesus na vida de Saulo começou com um esplendor de luz do céu, símbolo do Evangelho de Cristo que o próprio Paulo, mais tarde, diria ser a iluminação que elimina a cegueira espiritual dos incrédulos (II Co.4:3,4). Era uma luz que excedia o esplendor do Sol (At.26:13), a nos indicar algo que está além da natureza, talvez para retirar de Saulo a concepção filosófica estoica de que o “Logos” era a própria natureza. Saulo, envolvido por este clarão, caiu na terra (não se diz, no texto sagrado, que estivesse sobre algum animal quando a luz se lhe apareceu, embora se possa inferir que, numa viagem desta natureza, estivesse a montar um animal) (At.9:4; 22:7; 26:14), gesto que também simboliza outro requisito indispensável para uma conversão: a submissão a Deus, a renúncia de si mesmo, a rendição e humilhação ao Senhor.

 

É importante observar que Paulo esclarece que o Senhor Jesus lhe falou em hebraico, língua então morta, só conhecida por estudiosos das Escrituras, como o próprio Saulo. O que ocorreu, é que os companheiros de Saulo ouviram algo, mas não entenderam, já que Jesus falou em hebraico (At.26:14). Tendo sido inquirido pelo próprio Jesus, Saulo responde, chamando a Jesus de Senhor, num sinal de submissão e reconhecimento da soberania divina de Cristo: “Quem és tu, Senhor?” Saulo, apesar de toda a sua erudição, inclusive na lei judaica, reconhece com esta pergunta a sua ignorância.

 

Sem preparo consciente, Saulo se viu instantaneamente impelido pelo que viu e ouviu, a reconhecer que Jesus de Nazaré, o Nazareno, estava de fato vivo após a Sua morte na cruz, restaurado e exaltado por Deus, e que agora, o estava alistando a Seu serviço.

 

A GRAÇA DE DEUS MANIFESTADA NA VIDA DE SAULO

 

A Causa da conversão de Saulo foi a Graça Salvadora de Deus: (Portanto, ele não foi salvo por seus méritos ou predicados religiosos nos quais confiava): Ef 2.8,9. Fica evidente na experiência de conversão de Saulo, quão grande é a graça de Deus para salvar o mais vil pecador: “[...] Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna” (1Tm 1.15-17). Tornando-se um exemplo de que todos podem desfrutar da salvação em Cristo Jesus por meio da sua maravilhosa graça (Rm 5.20; Ef 2.8). Em Tito 2.11 Paulo diz: “[...] a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”. A vinda do Messias mostra claramente que, Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; 1Pd 1.17). Sendo assim, o ponto de partida da experiência da Salvação de todos os homens é a Graça de Deus:(Um favor imerecido outorgado por Deus ao pecador que está debaixo do Seu Juízo) Tt 2;11.

 

Pela Graça de Deus, a conversão de Saulo foi mais do que um convencimento intelectual sobre Jesus, causou verdadeiro arrependimento: (Sua conversão foi ato da obra regeneradora do Espírito Santo em sua vida); Sem arrependimento de pecados, não há genuína conversão, mas Saulo se arrependeu e, tremendo e atônito, rende-se ao Senhor Jesus, perguntando-lhe o que Ele queria que fosse feito (At.9:6; 22:10). Após o encontro com Jesus, o homem passa pelo processo da conversão que se inicia com o arrependimento: (Isto é, um grande sentimento de tristeza e pesar pelos pecados cometidos, acompanhado de um desejo intenso de corrigir o rumo): At 3.19/Lc 15.10/At 17.30. O Verdadeiro Arrependimento resulta numa mudança de direção e propósitos: (Foi o que aconteceu com Saulo de Tarso a caminho de Damasco).

 

No que diz respeito a conversão, o que faz a diferença é o Arrependimento e não o Remorso, isto porque: Diferente do Arrependimento, o Remorso é a tristeza pelas consequências de um pecado, mas não pelo pecado em si; Diferente do Arrependimento, o Remorso, apesar de gerar tristeza, não produz mudança de atitudes e comportamentos; O Verdadeiro arrependimento leva o homem á conversão e não apenas ao convencimento dos seus pecado.

 

 

EVIDÊNCIAS DO ARREPENDIMENTO E CONVERSÃO DE SAULO

 A Conversão de Saulo promoveu uma transformação pessoal, e podemos perceber pelo ao menos três verdades que evidenciam essa transformação:

Saulo reconheceu que Jesus é o Senhor: At 22.8. De uma vontade egoísta e individualista, Saulo demonstra agora completa submissão a vontade de Jesus: At 9.6;

Saulo reconheceu que era pecador: Reconheceu que seu zelo religioso não agradava a Deus, que era o maior de todos os pecadores, que estava perdido e precisava de Salvação: I Co 15.9-10;

Saulo reconheceu que precisava ser guiado por Cristo: AT 22.10. Antes era guiado pela sua religiosidade fanática e irracional, mas agora estava pronto para ser guiado pelo Senhor.

 

UMA CONVERSÃO COMPLETA

  

FACULDADE INTELECTUAL:

* Está relacionada a nossa mente, onde está nossa capacidade de pensar, conhecer, discernir e de tomada de decisões:(Uma vez convertido, o homem muda o seu modo de pensar, reconhecendo sua condição de pecador, subjugando sua mente para pensar e agir conforme a vontade de Deus): I Co 2.16/Cl 3.1,2;

* Quando a pessoa consegue, movida pelo Espirito Santo, sintonizar sua mente com a mente de Cristo como se fosse uma só, então torna-se possível o exercício da administração do Intelecto, podendo viver em Paz: Is 26.3 (Isto no entanto só é possível quando o homem vive sob o controle do Espirito de Deus e não da carne):

 

FACULDADE DAS EMOÇÕES:

* Está relacionada a capacidade de saber administrar e controlar a parte afetiva do nosso ser, nossas emoções: Pv 4.23 (Infelizmente o pecado deteriorou os sentimentos e emoções do ser humano, escravizando os e invertendo os seus valores reais);

* Como convertidos e Filhos de Deus, devemos usar nossas emoções e sentimentos para:(Adorar a Deus, Crescer espiritualmente e manifestar o Fruto do Espirito);

 

FACULDADE DA VONTADE:

* Está relacionada a Liberdade que o ser humano tem de querer, escolher, e praticar ou deixar de praticar erros: (Embora Deus seja Soberano, ELE criou o homem dotado de Livre Arbítrio, e o mesmo não é anulado quando o homem se converte);

* Como convertidos e Filhos de Deus, devemos usar nossa vontade para:(Obedecer a Deus, Fazer escolhas corretas, fazer o bem): I Sm 15.22/Js 24.15/Gl 6.10;

 

APLICAÇÕES PRÁTICAS:

* Todo ser humano, pela sua natureza pecaminosa é incapaz de controlar e subjugar sua mente, emoções e vontade, a viver segundo a vontade de Deus: (Portanto, a nova vida em Cristo, proporciona ao homem a oportunidades de ser liberto em todas as áreas de sus alma, pois o próprio Deus lhe concede recursos para isso).

CONCLUSÃO

 

Paulo, que odiara a fé crista, tornar-se-ia o seu maior advogado. Embora pudesse gabar-se do muito que fizera no Judaísmo, dali por diante a sua vida estava totalmente dominada pelo Cristo ressuscitado, que lhe aparecera na estrada de Damasco e revolucionara a sua vida e as suas ideias.

 

Após esse encontro abalador, Paulo prosseguiu a sua viagem rumo a Damasco, fisicamente cego pelo fulgor daquela luz, mas com os olhos da sua inteligência abertos agora por aquele a quem estivera perseguindo. Sentia-se de tal modo aturdido e abalado pela experiência que quando chegou aos seus alojamentos em Damasco viu-se por três dias incapaz de comer ou beber.

 

Este estudo nos mostra que a verdadeira conversão traz uma nova maneira de pensar, sentir e agir. Vivemos num tempo de profunda confusão existencial. Pessoas pensam uma coisa, desejam outra e fazem outra coisa completamente diferente do que pensam e desejam. A conversão bíblica harmoniza coração do crente. Agora é possível pensar nas coisas do céu, desejá-las e executá-las (Fp 4.8; Cl 3.2-5). Assim, somos celestialmente coerentes, pois pensamos, sentimos e agimos segundo o Espírito Santo que habita em nós.

 

                                        

                                                                                                            M.D.

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Autor MOISÉS DUARTE

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1 Comentários:

  1. Que bênção de comentário, nos traz conhecimento significativo e de fácil compreensão. 🙌

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