LIÇÃO Nº 04 – PAULO, A VOCAÇÃO PARA SER APÓSTOLO


O que aconteceu a Paulo no ano 33 d.C. perto de Damasco? De base textual podem servir apenas aqueles textos nos quais Paulo recorre reconhecidamente ao evento de Damasco: ICor 9,1; 15,8; 2Cor 4,6; Gl 1,12-16; Fl 3,4b-ll. Da sua conversão a Cristo e da sua vocação ao apostolado, o próprio Paulo fala surpreendentemente pouco.

A primeira menção da experiência de Damasco é de ICo 9,1. Paulo não a faz por iniciativa própria, mas em resposta à contestação acerca de seu apostolado em Corinto. ICo 9,l e ICo 15,l devem ser vistos como apologia acerca do apostolado paulino. 

Em ICo 9,1, Paulo defende sua legitimação como apóstolo com a argumentação de que ele mesmo teria visto a Cristo ("Não sou, porventura, livre? Não sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor?").

Ao que parece, em Corinto polemizava-se contra seu apostolado, com o argumento de que ele não teria visto o Senhor, ou mesmo andado e aprendido com Ele, embora já não seja possível esclarecer se seus opositores se referem aqui ao Jesus terreno ou ressuscitado. Paulo relaciona o seu "ver" ao Cristo ressurreto.

 

A CHAMADA DE PAULO PARA O APOSTOLADO

 

A conversão de Saulo não foi repentina nem compulsiva. A narrativa de Lucas indica que Saulo teve que ser impactado intelectual e emocionalmente no caminho de Damasco para render-se ao chamado de Jesus. Na presciência divina, esse homem foi escolhido para ser o apóstolo dos gentios. Seu encontro com Jesus naquele caminho para Damasco, arrefeceu o perseguidor implacável.”Elienai Cabral.

 

Tanto ICo 9,1 como ICo 15,8 permitem perceber uma relação fixa entre a visão /aparição e a eleição como apóstolo. Gl 1,12-16 aponta na mesma direção: aos ataques contra seu apostolado, Paulo responde em Gl 1,12 que ele recebeu o evangelho não de um ser humano, "mas por revelação de Jesus Cristo".

Em Gl 1,15.16, Paulo descreve sua vocação e incumbência para o anúncio do evangelho: "Quando, porém, aquele que me separou desde o seio materno e me chamou por sua graça, houve por bem revelar em mim o seu Filho, para que eu o pregasse entre os gentios...".

Ao estudarmos a conversão/vocação de Paulo, já vemos que o Senhor foi bem específico, desde o começo, a respeito da função que o apóstolo exerceria na obra de Deus. Para Ananias, o Senhor esclareceu que Paulo era “um vaso escolhido para levar o nome de Jesus diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel” (At.9:15). Embora, seja conhecido como o apóstolo dos gentios, conforme o próprio Deus afirmou, Paulo também foi vocacionado a testemunhar a Cristo diante de reis e dos próprios judeus.

 

Portanto, não existe qualquer integrante do corpo de Cristo que não seja chamado a realizar uma tarefa específica, havendo aquelas tarefas que o texto bíblico denomina de “ministérios”, os chamados “dons ministeriais”, que são pessoas-dons, elencados em Ef.4:11. Paulo era um “vaso escolhido” e sua missão seria levar o nome de Jesus para os gentios, para os reis e para os filhos de Israel e, como tal, teria de ter todos os cinco “ministérios”, dada a singularidade de seu papel na disseminação do Evangelho. Diante disso, na Sua presciência, já havia preparado, desde o ventre de sua mãe, Paulo para realizar esta importantíssima tarefa, o que explica a singularidade do apóstolo, inclusive a circunstância de ter tido, ele só, todos os dons ministeriais e carismáticos, o que não é o que se tem ordinariamente na Igreja do Senhor.” – Ev. Caramuru Afonso.

 

Vale destacar, porém, que embora escolhido desde o ventre, não há que se corroborar a doutrina da predestinação incondicional. A vocação de Paulo foi por meio da presciência divina e não pela predestinação incondicional. A predestinação, portanto, deve olhar para o aspecto futuro da nossa salvação ( Rm 9. 29; Ef 1. 5,11). Segundo as Escrituras, ela é o nosso pré-destino. A salvação não se trata de um decreto divino, pois isso seria um fanatismo cego e impróprio atribuído a Deus. Na Bíblia temos tanto a predestinação divina como a livre-escolha humana em relação à salvação. Contudo, essa predestinação, não é aquela que destina uns para a salvação e outros para a perdição eterna. É nos apresentado a livre-escolha humana.

A doutrina da predestinação situando o crente na presciência divina não é para causar choques de ideias ou especulações. Através dela, Deus está mostrando que antes que o mundo viesse a existir, Ele antecedeu-se e antecipou-se a tudo. Paulo não foi salvo porque Deus o determinou incondicionalmente, mas, porque “combateu o bom combate, acabou a carreira e guardou a fé” (II Tm.4:7), como ele próprio afirma ao final de sua vida. Judas Iscariotes também foi escolhido para ser apóstolo, mas não perseverou e se perdeu.

 

VOCACIONADO POR CRISTO 

Logo após ser convertido, ser batizado e ter recebido o Espírito, Paulo começou a pregar em Damasco, afirmando que Jesus é o Filho de Deus (At 9.20). Sua pregação consistia apenas numa declaração de que aquele a quem ele perseguia era de fato o Filho de Deus. Vimos na lição passada, que para Paulo, Jesus não tinha o menor requisito para ser o Messias prometido. Agora, convertido, tem sua visão totalmente modificada, seus olhos foram abertos. Essa pregação causou espanto nos damascenos, em virtude de sua reputação de perseguidor cruel dos que professavam o nome de Jesus (At 9.21). 

Mas, o Senhor o chamou para este apostolado, embora ele se considerasse indigno como dizendo ser “...o menor dos apóstolos” (1Co 15.8,9). Paulo enfrentou muitas oposições por parte dos que questionavam sua autoridade apostólica. Por essa razão, na epístola aos Gálatas (1.1) Ele apresenta-se: "Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dos mortos). Em outras ocasiões reafirma esse chamado feito pelo Senhor (1Co 1.1).

 

Há um intervalo muito importante na vida de Paulo entre Atos 9.20,21 e Atos 9.22. No começo, Paulo apenas pregava e afirmava que Jesus era o Filho de Deus (At 9.20,21). Mas, depois, Paulo mais e mais se fortalecia e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo (At 9.22). Demonstrar é mais do que afirmar. Demonstrar é provar cuidadosa e meticulosamente o que se afirma. Demanda um exame acurado, uma investigação precisa, uma análise profunda.”Hernandes Dias Lopes.

 

Paulo tinha tido o devido preparo intelectual e social para desempenhar a tarefa que lhe estava sendo designada, mas, ainda, não tinha o devido preparo espiritual e tal preparo deveria se dar de maneira reservada. 

Após sua conversão, Paulo não foi para Jerusalém, onde estavam os demais apóstolos, mas rumou para a Arábia, onde permaneceu três anos, onde esteve sendo ensinado pelo próprio Senhor Jesus. O próprio Paulo registra esse fato: “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.11,12). 

Depois de passar três anos reexaminando cuidadosamente o Antigo Testamento, ele entendeu que Jesus era, de fato, o Messias prometido. Paulo narra como foi que isso aconteceu nesses três anos: “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos antes de mim, mas parti para as regiões da Arábia e voltei, outra vez, para Damasco” (Gl 1.15-17). O fanático fariseu Saulo que outrora se apegava firmemente à Torá, bem provavelmente, passou a ser orientado também por tudo aquilo que falara os profetas veterotestamentários acerca do Cristo.

 

APRENDIZADO NO DESERTO 

A ascensão de Paulo ao título de grande apóstolo não foi de modo repentino. Ao voltar das regiões da Arábia para Damasco é que Paulo, demonstra que Jesus é o Cristo, o Messias (At 9.22). Em vez de sua pregação encontrar aceitação em Damasco, encontra, grande resistência. Paulo precisa fugir para salvar a própria vida. Depois de três anos de sua conversão, de Damasco ele vai a Jerusalém (Gl 1.18). 

Ao chegar a Jerusalém, a recepção de Paulo não foi nada agradável. Os discípulos não acreditavam na sinceridade de sua conversão. Barnabé, viu Paulo com bons olhos. Acreditou nele e investiu em sua chamada. Paulo saiu de Jerusalém e foi para Tarso, sua cidade natal. E ali permaneceu não pouco tempo no “esquecimento”. Nada sabemos desse longo período de sua vida.

 

Tarso não foi um acidente na vida de Paulo, mas uma escola de treinamento. O deserto é a escola superior do Espírito Santo onde Deus treina seus líderes mais importantes. Tarso foi o deserto de Paulo. O deserto não é um acidente em nossa vida, mas uma agenda de Deus. É Deus quem nos leva para o deserto. Não gostamos do deserto. Ele não nos promove. Ele nos tira do palco. Ele apaga as luzes dos holofotes e nos deixa sem qualquer projeção. Deus nos leva para o deserto não para nos exaltar, mas para nos humilhar. O deserto é o lugar onde Deus treina seus líderes mais importantes.”Hernandes Dias Lopes.

 

CONCLUSÃO 

Paulo precisava ver Cristo nas Escrituras que ele tanto conhecia. No entanto, era um conhecimento cego. A letra da Lei sufocava o jovem Saulo. Toda esta revelação que Cristo fez em Paulo tinha por objetivo fazê-lo pregar o Evangelho aos gentios (Gl.1:16) e, aprender a ser conduzido pelo Espírito Santo. Paulo foi um homem capacitado e que foi vocacionado por Deus para propagar o Seu Evangelho ao mundo daquela época. 

Mesmo o apóstolo Paulo tendo sido chamado por Deus (Gl 1.15), ele não trabalhava de modo independente, ou seja, sem orientação dos líderes em Jerusalém; muito pelo contrário, Paulo foi enviado pela Igreja, sob a autoridade da mesma (At 13.1-3). Isso nos ensina que aqueles que são chamados e enviados por Deus estão debaixo da autoridade de Deus e da Igreja local que os envia. (At 14.23; Hb 13.17). 

Este estudo nos mostra que a verdadeira conversão traz uma nova maneira de pensar, sentir e agir.. A conversão bíblica harmoniza o coração do crente. Agora é possível pensar nas coisas do céu, desejá-las e executá-las (Fp 4.8; Cl 3.2-5). 

                                        

                                                                                                            M.D.

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Autor MOISÉS DUARTE

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